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Dia: 26 de Abril, 2009

26 de Abril, 2009 palmirafsilva

Morte e miséria nas Filipinas

Embora se debata com uma inexplicável míngua de vocações, a Igreja católica é toda-poderosa nas Filipinas, país no qual são seguidas à risca as emanações vaticânicas em especial no que à sexualidade diz respeito, pelo menos a nível das disposições legais. Assim, o divórcio não é permitido, excepto para a reduzida comunidade muçulmana na qual se aplica a… Sharia, são censurados abertamente todos os programas de televisão que mostrem modos de vida diferentes do preconizado pela Igreja, os direitos da mulher são uma aberração do «feminismo radical» e, claro, falar em saúde reprodutiva das mulheres é uma blasfémia.

Todos os métodos contraceptivos «artificiais», preservativo incluído, são assim um anátema neste tão católico país. Aliás, para não haver quaisquer dúvidas, o ano passado a Igreja Católina filipina emitiu um comunicado oficial informando que o Vaticano não permite que usem preservativos duas pessoas casadas em que uma delas está infectada com o vírus da SIDA .

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26 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP) na TVI

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) ficou perplexa com a canonização do Beato Nuno Álvares Pereira que tem lugar este domingo no Vaticano. O tvi24.pt falou com o presidente da AAP sobre as três razões pelas quais a canonização não deve acontecer.

Carlos Esperança afirma que «cada um entende como quiser o problema da canonização», mas a AAP considera «verdadeiramente inaceitável a intromissão por parte do Estado».

Nota: O cónego António Rego pensa o contrários por três razões diferentes.

26 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Nuno Álvares condenado à santidade

Portugal, tão esquecido pelo Vaticano no negócio dos santos, vê Nuno Álvares Pereira perder o prestígio de que gozava e, por causa da santidade, passa a ser gozado. Foi um herói que resistiu à apropriação de Sidónio e de Salazar mas, com quinhentos anos de cadáver, não resistiu aos interesses da Igreja e à satisfação dos beatos.

Valeu a vergonha para que o Presidente da República e o presidente da Assembleia da República não fossem mostrados de joelhos em Roma. Para enxovalho já bastou terem dado o nome para a comissão de honra da canonização de Nuno Álvares a cujo espectro se atribui a cura do olho esquerdo de D. Guilhermina de Jesus, queimado com salpicos ferventes de óleo de fritar peixe.

É grave que o Estado tenha sido enredada na cura miraculosa do olho esquerdo de uma devota; é ridículo que os seus mais altos representantes confundam as legítimas crenças individuais com os factos; arruína a reputação de Portugal que, em nome do Estado,  se rubrique como verdade um grosseiro embuste de sabor medieval. É abusivo peregrinar, a expensas do tesouro público, para rezar ave-marias durante a canonização e trazer, depois, santinhos para os amigos.

Se D. Guilhermina tivesse rezado quatro novenas, em vez de duas, e passado a noite aos ósculos na imagem do Condestável, teria curado o olho esquerdo e feito a profilaxia das cataratas. O País não carece de médicos, basta que, na altura certa, reze a um beato que esteja em lista de espera para ser canonizado. Portugal, para sair da crise, só precisa de fé, de rezar o terço e da protecção divina.

Respeito os crentes que, à sua custa, foram a Roma esfolar os joelhos e agradecer a deus a cura do olho esquerdo da D. Guilhermina, mas condeno o ministro, deputados e outros
dignitários que reclamam a representação do Estado em cerimónias que comprometem a a laicidade. Portugal ainda não se emancipou da cumplicidade que, durante a ditadura, a Igreja e o Estado estabeleceram entre si. Os altos representantes deviam usar um cordão sanitário que os abrigasse da vergonha e da falta de ética.

Nuno Álvares foi o herói que a Igreja transformou em colírio rasca para a cura de um olho esquerdo, queimado com óleo de fritar peixe. Com a espada nas mãos não se teria deixado capturar mas, assim, desfeito em cinzas, sucumbiu com duas novenas e deixou-se atravessar por um ósculo de uma beata numa imagem sua.