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João Paulo II e o ateísmo

Creio que há uma dívida de gratidão dos ateus para com João Paulo II (JP2), dívida que o extinto polaco involuntariamente mereceu.

JP2 era um Papa que acreditava na existência de deus, na navegação celeste de anjos e virgens, suficientemente supersticioso para afiançar que os mortos obravam milagres.

Não passou pela cabeça do crédulo polaco que o ridículo e os escândalos faziam pior à Igreja do que as mentiras que pregava. Acreditar que a santinha de Balazar se alimentou de hóstias consagradas durante mais de uma década, sem comer nem beber e em anúria, seria motivo de interdição das funções, por falta de siso, a quem não tivesse a profissão de santo.

JP2 era o rural poliglota, casto, fiel à ICAR, protegido do Opus Dei e protector da CIA, que acreditou que o comunismo era obra do diabo. Só um rústico podia acreditar que os regimes ditatoriais de esquerda são obra do demo e os de direita fruto da vontade divina.

As suas viagens eram um espectáculo coreografado para atrair multidões e esconder o vazio da Igreja e a mentira de deus. No Vaticano era dos poucos que lia a Bíblia e que acreditava nas suas fábulas.

Foi graças aos espectáculos mediáticos e à crença de que deus existia que promoveu o seu próprio culto. Quanto aos milagres que rubricou e aos numerosos santos que criou, levou o ridículo aos cinco continentes, entusiasmou os crédulos e divertiu os ateus.

JP2 foi um produto do marketing, tão genuinamente convencido de que tinha uma missão divina que se chegou a acreditar que figurava num segredo de Fátima inventado para combater a República e prolongar o obscurantismo português.

Antigamente os santos eram poucos e os milagres fruto da tradição oral. Quando JP2 industrializou a criação de santos e passou a certificar milagres, vulgarizou as mentiras da ICAR e escarneceu os santos antigos que o tempo tinha consagrado.

Fez mais pelo ateísmo o papa polaco a rezar do que os investigadores a divulgarem a ciência.