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Dia: 11 de Novembro, 2007

11 de Novembro, 2007 Carlos Esperança

Sinais dos tempos

O ditador vitalício admoestou aqueles homens com ar grave a quem o fumo das velas e as genuflexões tiraram o sorriso e consumiram as vidas.

Ver os bispos portugueses ansiosos por aplaudir o supremo e infalível ditador antes de serem chamados a capítulo, como os pais obsoletos fazem aos garotos, foi uma visão deslumbrante de quanto pode a subserviência da fé e o medo do tirano.

Um bispo que não é capaz de reagir ao insulto do Papa não merece respeito dos que acreditam na existência do seu Deus. Quando um homem perde o respeito por si próprio não merece que lhe respeitem o Deus de que se alimenta. A atitude papal merecia que os bispos portugueses nunca mais pusessem os pés no antro do Vaticano. Mas, daqui a cinco anos, voltam lá. A pôr os pés. Todos.

11 de Novembro, 2007 Carlos Esperança

Factos & documentos. A ICAR e o nazismo

Há tempos traduzi alguns trechos do «Traité d´athéologie», de Michel Onfray, 2005 – Ed. Grasset (pg. 221/22) já publicados no Diário Ateísta.

Face à urticária que a verdade provoca nos católicos, aqui se repetem os factos:

«Do nascimento do nacional-socialismo à cobertura dos criminosos de guerra do III Reich, depois da queda do regime, ao silêncio da Igreja desde sempre, e mesmo hoje – ver a impossibilidade de consultar os arquivos sobre este assunto no Vaticano -, o património de S. Pedro, o herdeiro de Cristo, foi também o de Adolfo Hitler e dos seus nazis, fascistas franceses, colaboracionistas, vichystas, milicianos e outros criminosos de guerra.

Eis os factos: A ICAR aprova o rearmamento da Alemanha, indo contra o tratado de Versalhes (…); a ICAR assina uma concordata com Adolfo Hitler após a chegada do chanceler ao poder em 1933: a ICAR silencia o boicote aos comerciantes judeus, cala-se na proclamação das leis raciais de Nuremberga em 1935, guarda silêncio após a Noite de cristal em 1938; a ICAR fornece o seu ficheiro de arquivos genealógicos aos nazis que sabem a partir daí quem é cristão, portanto não judeu; a ICAR reivindica, no entanto, o «segredo pastoral» para não comunicar o nome dos judeus convertidos ao cristianismo ou casados com cônjuge cristão; a ICAR sustenta, defende, apoia o regime pró-nazi de Ante Palevic na Croácia; a ICAR dá a sua absolvição ao regime colaboracionista de Vichy a partir de 1940; a ICAR, ao corrente da empenhada política de exterminação desde 1942, não condena, nem em privado, nem em público, jamais ordena a algum padre ou bispo que condene o regime criminoso perante os fiéis.

As forças aliadas libertam a Europa e descobrem Auschwitz. Que faz o Vaticano? Continua a apoiar o regime derrotado: a ICAR, na pessoa do cardeal Bertram, ordena uma missa de Requiem à memória de Adolfo Hitler; a ICAR fica em silêncio e não manifesta reprovação pela descoberta de pilhas de ossos, câmaras de gás e campos de exterminação; A ICAR, pelo contrário, organiza para os nazis sem Führer o que nunca tinha feito por qualquer judeu ou vítima do nacional-socialismo: organiza a fuga dos criminosos de guerra para fora da Europa; a ICAR utiliza o Vaticano, dispensa papéis com vistos, activa uma rede de mosteiros europeus como esconderijos para assegurar a segurança dos dignitários do Reich desmoronado; a ICAR nomeia para a sua hierarquia pessoas que ocuparam funções importantes no regime hitleriano; a ICAR jamais lamentará – enquanto oficialmente não reconhecerá nada disso».

Estes factos merecem penitência e algum pudor na defesa da ICAR.