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Estratégias

Sam Harris causou alguma controvérsia, e muito debate (ver aqui, e aqui, e aqui) quando na última Convenção da AAI apresentou o seguinte raciocínio durante a sua comunicação:

«A minha preocupação com o uso do termo ateísmo é psicológica e estratégica.
Associar um «rótulo» a qualquer coisa pode trazer consequências,
principalmente quando se dá um nome a uma coisa que não existe de todo. Ateísmo, eu argumentaria, não é uma coisa que exista. Não é uma filosofia, assim como «não-racismo» também não é. Ao aceitarmos este rótulo, estamos a permitir que nos vejam como uma sub-cultura caprichosa. Estamos a consentir que sejamos vistos como um grupo de interesses marginal, que se encontra em salas de conferências de hotéis.

Deixem-me fazer então uma proposta subversiva: nós não devemos denominar «ateístas», ou «secularistas», ou «humanistas seculares», ou «naturalistas», ou «cépticos», ou «anti-teístas», ou «racionalistas», ou «pensadores livres», ou «brights». Nós não devemos nos chamar nada. Devemos ser discretos para o resto das nossas vidas. Devemos ser pessoas decentes e responsáveis, que destroem más ideias quando as encontram, sendo religião uma delas».

Como Novo Ateísta que me considero, não concordo na globalidade com Sam. Muitas vezes é preciso ser catalogado para ser reconhecido. É preciso ser vocal para passar uma mensagem. Passar para um movimento de pessoas singulares, que um pouco no anonimato, fazem o melhor que podem para melhorar o mundo que as rodeia, parece-me algo incompleto. Um pouco, por exemplo, o que se vê em Portugal, onde toda a gente acha que as coisas devem mudar, mas não sentem uma força colectiva que os faça causar essa mudança. Precisamos dessa sinergia, principalmente quando nos deparamos com oponentes tão formidáveis como a Igreja Católica, ou Islâmica ou Judaica.

Concordo claro, com a parte onde devemos ter como prioridade sermos indivíduos conscientes, decentes, altruístas, responsáveis, mas acho que neste caso, vale a pena o rótulo, e vale a pena o «combate» em grupo.

Mas fica aberto o debate: a estratégia proposta por Sam Harris, mais ou menos correcta?

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