Loading

Às centenas é mais barato

Mais de 80 Bispos espanhóis estarão no Vaticano, no próximo dia 28 de Outubro, para a beatificação de 498 mártires da perseguição religiosa no país, entre 1931 e 1939. Trata-se da beatificação conjunta mais numerosa da história da Igreja.

De Espanha, todos os franquistas de mitra e báculo vão rastejar até ao covil do Vaticano para assistirem à beatificação de 498 mártires espanhóis. É uma orgia mística dirigida pelo artesão de santos – o vetusto cardeal português Saraiva Martins.

Pensam os bem-intencionados que se trata apenas de uma farsa para estimular a piedade dos devotos embrutecidos pela fé e cegos pelo delírio místico. Nada disso. O que está em causa é a mais descarada campanha política contra a Espanha laica e democrática. É a exibição de força da Conferência Episcopal Espanhola e uma cruzada do Opus Dei e seus sequazes contra a progressiva secularização espanhola.

Seria injusto não reconhecer a violência fanática de quem assassinou bispos, padres e freiras na guerra civil espanhola. Não há perdão para a orgia de sangue e horror desses tempos, mas a violência e as atrocidades foram comuns aos dois lados da barricada com duas agravantes para o clero fascista que vê agora elevar aos altares as vítimas inocentes e as inventadas do seu lado:

1 – Os fascistas, com o apoio da Igreja católica, em especial o Opus Dei, derrubaram o Governo legal;

2 – Durante anos, continuaram a assassinar anarquistas, socialistas, comunistas e simples soldados ou simpatizantes do Governo legal (centenas de milhar).

A beatificação de 498 cadáveres não é um acto gratuito no circo dos milagres, é uma ofensa aos que caíram do outro lado e uma provocação ao actual Governo. B16 mostra que mantém firmes as convicções que levaram um jovem adolescente às fileiras das tropas nazis.