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Dia: 18 de Julho, 2007

18 de Julho, 2007 Carlos Esperança

Espanha – A ICAR e a pedofilia

O núncio apostólico em Espanha, Manuel Monteiro de Castro, acusa os meios de comunicação de serem particularmente cáusticos para com os escândalos sexuais da Igreja católica, nomeadamente a pedofilia.

Até é natural que o embaixador do Vaticano tenha razão, que a comunicação social seja mais agressiva para as agressões sexuais perpetradas por padres do que por padeiros, por exemplo, que um escândalo sexual de um bispo seja mais mediático do que o de um trabalhador da construção civil, que a violação de uma criança seja mais chocante por um monsenhor do que por um cavador alcoolizado.

O núncio não compreende, na sua santa ingenuidade, as várias razões que podem justificar tal comportamento:

– A importância social de que o clero católico goza em Espanha;
– Os inaceitáveis privilégios que reivindica;
– A presunção de que a grande educadora é a ICAR;
– A intolerância demente contra a homossexualidade, o divórcio, a contracepção e a sexualidade em geral;
– O passado de violência da ICAR na evangelização da América Latina (que o Papa disse pacífica);
– A violência cega e furiosa da Inquisição espanhola contra os judeus e todos os inimigos da fé;
– A cumplicidade com a ditadura de Franco e o vergonhoso silêncio perante os seus assassínios;
– A provocação permanente à democracia e as manifestações públicas contra o Governo legal;
– A gula com que pretende parasitar os cofres do Estado;
– A histeria com que pretende tornar universais os preconceitos morais católicos;
– O poder excessivo e obsceno de que goza na sociedade e no aparelho de Estado.

Eis algumas razões que justificam a atenção que lhe presta a comunicação social, atenção que não lhe faltou quando o actual Papa, em viagem política, visitou Espanha e a ICAR se preparava para fazer ajoelhar Zapatero numa missa a que a sua dignidade o impediu de assistir.

18 de Julho, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Indulgências versão século XXI

A Igreja Católica continua estagnada, as suas convicções são imutáveis, superficialmente se tenta adequar ao Secularismo, agarrada de unhas e dentes aos poderes económicos e políticos, se indulgências pagavam qualquer crime, o mesmo continua como convicção. Para todos os crimes possíveis e muitos imaginários existiam taxas a pagar, valores diferentes consoante os crimes, destaca-se o paralelismo entre a mesma noção de pecado, coisa que com rezinhas e ajoelhamentos é perdoada, pior castigo apenas vidas de penitência, um grande monte de nada, pouco importava, as vitimas inocentes se mortas iriam passear pelo paraíso, pouca preocupação afinal seria de esperar e mais uns cobres calham sempre bem.

Promulgada em 1517, a Taxa Camarae do papa Leão X destinava-se a vender indulgências, tudo era perdoado a troco de uns trocos, vejamos o segundo dos seus 35 artigos: “Se o eclesiástico, além do pecado de fornicação, quiser ser absolvido do pecado contra a natureza ou de bestialidade, deve pagar 219 libras e 15 soldos. Mas se tiver apenas cometido pecado contra a natureza com crianças ou com animais e não com mulheres, pagará unicamente 131 libras e 15 soldos.“. Obviamente que os crimes sexuais não caíram de pára-quedas na Igreja Católica agora, existem desde que a Igreja existe, as suas crenças e fé os possibilitam e em muitos casos os potenciam.

Confrontada com o Secularismo a Igreja Católica defende as mesmas posturas defendidas desde sempre, o dinheiro faz justiça, crimes sexuais são meros pecados que depois de rezinhas são esquecidos, e venha o próximo, 660 milhões de dólares de indemnização a vítimas dos dementes da arquidiocese de Los Angeles, valor pago em nome da justiça, mais será um valor pago para que não se faça justiça. Dos 113 criminosos apenas 4 enfrentam os tribunais. Método usado em 2004, a arquidiocese de Orange pagou 100 milhões de dólares para encerrar 90 processos, em 2005 a diocese de Oakland pagou 56 milhões de dólares para perdoar os seus pecados contra 56 vítimas, em 2006 a diocese de Convington pagou 84 milhões de dólares a 350 vítimas, e a lista continua.

Obviamente que os problemas não sucedem apenas nos E.U.A., da gigante lista podemos encontrar milhares de acusações pelo mundo fora, as justiças inexistem, ou tomam a forma de suspensão. Pelo andar da carruagem a única forma de se acabar com a pedofilia da Igreja Católica é esperar, esperar pela falência, o que certamente demorará imenso tempo.

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