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Opus Dei & B16

A deriva reaccionária de Bento 16 em direcção aos excomungados bispos e padres da Fraternidade Sacerdotal de S. Pio X (FSSPX) não provoca um terramoto na Igreja católica domesticada por JP2, que lhe devolveu a superstição e a pompa, mas cria ondas de choque entre alguns padres adeptos do Concílio Vaticano II.

A ICAR fica agora mais autêntica: retrógrada, ritual, intolerante e evangelizadora. B16 já decidiu que é a única Igreja cristã verdadeira como se só as restantes fossem falsas. O velho ditador, com o camauro enfiado até às orelhas, já devolveu ao latim o carácter de língua sagrada como os mullahs fazem em relação ao árabe.

A ICAR estava há muito infiltrada pelos sequazes de Santo Escrivá, um perverso adepto do ditador Franco a quem numerosas famílias deram os seus bens e JP2 a santidade. O fanático, além do cilício com que se consolava, escreveu o «Camiño» um livro com 999 «considerações espirituais». Sendo o n.º 999 a inversão do n.º 666 (o número da besta, segundo o apocalipse) fácil é concluir que o n.º 999 é Monsenhor Escrivã a fazer o pino.

Como se o Opus Dei não fosse já uma seita perigosa que esteve sempre por detrás de JP2, um Papa tão supersticioso que acreditava em Deus, B16 recorreu à FSSPX para juntar meio milhar de padres, guerrilheiros da fé, capazes de transformar a decadente ICAR numa religião com a energia e o ódio do Islão. Os membros das duas seitas, bem treinados, são capazes dos mesmos actos de fé e sacrifício que os suicidas islâmicos.

O báculo, a mitra e a cruz são adereços folclóricos que não fidelizam clientes. Só as fogueiras, o medo e as perseguições fazem devotos capazes de reproduzir a violência tradicional e de restituir aos padres o poder e influência perdidos com o Iluminismo, a Revolução Francesa e o secularismo.

B16 vai no bom caminho mas é preciso travar-lhe o passo.