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Dia: 7 de Julho, 2007

7 de Julho, 2007 Carlos Esperança

A liturgia e a fé

Quem é um ateu para se imiscuir na liturgia da Igreja católica? Que tem a inteligência a ver com o Cristo servido às rodelas na língua dos devotos ajoelhados ou passado de mão em mão de um presbítero para o beato?

Não fora a vocação totalitária da religião e os ateus dedicar-se-iam a outras tarefas.

A liturgia é o circo da fé com Cristo a saltar do cálice, com duplo mortal e pirueta sobre a patena, para acertar na língua do devoto e percorrer o tubo digestivo até acabar na rede de saneamento após a descarga do autoclismo.

As religiões vivem de rituais como os ilusionistas da prestidigitação. O Papa de serviço é um avatar dos papas medievais que sofre a mágoa de não poder acender fogueiras e de ver os ímpios indiferentes ao Inferno e aos castigos divinos.

No regresso à Idade Média, no eterno retorno ao fanatismo e à intransigência, o pastor alemão sente a raiva da impotência e o ódio à modernidade. Sob a tiara, pensa na forma de fazer ajoelhar os homens e pôr de rastos os cidadãos.

Nada é mais desconfortável para B16 do que viver num mundo que não se persigna, ajoelha ou submete à vontade dos padres e às ordens do seu Deus. O Vaticano é uma ditadura encravada na União Europeia e o último Estado teocrático da Europa, herdeira do Iluminismo e da Revolução Francesa, berço da democracia e reduto da liberdade.

No bairro das sotainas germinam 44 hectares de ódio, cultivados pela legião de padres, monsenhores, cónegos, bispos e cardeais. Fabricam santos, bulas e indulgências, mas é o horror à liberdade que os anima, a conspiração contra a democracia e a aversão à modernidade.

O Vaticano é o Estado criado por Mussolini mas é, sobretudo, o furúnculo infecto num espaço onde o sufrágio universal não conta com o voto de Deus, ausente dos cadernos eleitorais.

7 de Julho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Por exemplo, o relato Blínico da criação fala-nos da Papa de Aveia primordial de onde foi criada toda a Terra. Do leite que sobrou foi formado o Coalho, que os Blin, na Sua sabedoria, transformaram em Queijo Fresco, criando assim a Lua. De Galileu ao início do século XX isto era apontado por muitos como contradizendo o conhecimento científico, pois observava-se que a Lua seria composta por rocha e cinza mineral, não por queijo fresco.

    Com o advento da mecânica quântica a ciência teve que recuar e admitir a viabilidade do relato Blínico. Sabemos agora que toda a matéria é composta por partículas sub-atómicas, e que a rocha e o queijo fresco são apenas arranjos diferentes dessas mesmas partículas. Deixa de haver contradição, pois a Lua é assim precisamente rocha e queijo fresco em simultâneo, num sentido quântico e metafísico transcendente. E alguns cientistas até admitem a incapacidade de provar categoricamente que o núcleo da Lua não contenha queijo fresco. Sendo que o relato Blínico não contradiz a ciência, justifica-se depositar nele a nossa fé absoluta. E justifica-se rejeitar a ciência caso seja novamente contrária a este relato metafísico revelado. Afinal, a ciência muda, mas o relato Blínico é sempre o mesmo.»»(«Ecumenismo Blínico.», no Que Treta!)

  2. «Ser Cadete: Código de Honra 9. O Aluno da Academia Militar ama devotadamente a sua Pátria e forja os seus ideais no culto dos grandes valores humanos e cristãos que a encheram de glória no passado. […] É completamente inaceitável que o Código de Honra da Academia Militar faça menção ao cristianismo. Seria suficientemente grave que qualquer escola ou universidade pública submetesse os seus alunos ao respeito dos “valores cristãos”. Que os militares, que são quem no limite deve garantir a segurança e estabilidade do regime, tenham um código de ética que vai contra a Constituição é duplamente grave. Impõe-se a denúncia deste caso e a alteração do referido código.»Pela Laicização da Academia Militar», no Blogue Liberal Social)
  3. «Para manter as aparências as seitas não podem pôr anúncios nos jornais ou na TV, por exemplo, dizendo que a seita X leva o adepto mais depressa para a salvação (o que quer que isso seja) sem estragar o fato. Têm que ser mais subtis, arranjam uns programas pseudo-culturais em que o objectivo é o mesmo, enviam visitantes a casa, ou abordam os incautos na rua. É isto o proselitismo. Acusar uma seita, como a ICAR, de proselitismo é o mesmo que acusar uma vaca de dar leite, ou uma águia de voar: faz parte da sua natureza e sem essa atitude não sobreviveriam.»(«O proselitismo das religiões», no Croquete-matinal)