Loading

Dia: 6 de Junho, 2007

6 de Junho, 2007 Ricardo Alves

Há 100 anos, em Portugal, ia-se para a prisão por escrever sobre religião

No Almanaque Republicano:

  • «1906 [Dia 29 de Maio] – O professor Carlos Cruz, secretário da Associação do Registo Civil sai da cadeia, indultado pelo governo de João Franco. Este cidadão encontrava-se preso por ofensas à religião e tinha sido condenado a vinte meses de cadeia

Conforme já referido pelo mesmo Almanaque Republicano (noutra nota), o livre pensador Carlos Cruz cumpriu setenta e oito dias de prisão por ter criticado publicamente, por escrito, o «Dogma da Imaculada Concepção de Maria» (segundo o qual os avós do JC não cometeram «pecado» – seja lá isso o que for – ao conceberem a mãe do próprio JC, a qual mais tarde teria engravidado sem sexo, etc.).

Os clericais tentam-nos convencer dia-sim/dia-sim de que os republicanos tentaram implantar em Portugal um regime de ateísmo de Estado horrorosamente repressivo. É necessário recordar-lhes continuamente que a liberdade em matéria religiosa não serve apenas para afirmar dogmas; também existe para criticar esses dogmas. E, como se vê, não é necessário recuar até à inquisição para encontrar casos de perseguições a livre pensadores. Pelo contrário, não conheço um único caso de um católico preso durante a «pavorosa» República por afirmar este ou outro qualquer dogma católico em público…

[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]

6 de Junho, 2007 Carlos Esperança

Corpus Christi

O corpo de Cristo, carcomido pelo tempo e pelos vermes, foi desprezado até ao Século XIII, altura em que o departamento de marketing resolveu aproveitá-lo para uma festa anual a ter lugar na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade, seja lá isso o que for.

O Papa Urbano IV foi o inventor da festa que realça a presença real do «Cristo todo» na hóstia. E quem não acreditar que naquela rodela está o corpo e o sangue do fundador da seita, é um herege.

Claro que causa alguma perplexidade que um corpo que subiu ao Céu, desça à hóstia em cada consagração e se meta na língua dos devotos, sem se saber qual a parte anatómica que pode calhar ao mais pudico dos crentes.

A primeira procissão temática teve origem em 1230 de acordo com visões de uma freira que as comunicou ao cónego que viria a ser o Papa Urbano IV.

Essas visões da freira exigiam uma festa da Eucaristia, à semelhança das visões da Irmã Lúcia que, menos de cinco séculos depois, obrigavam ao terço para conversão da Rússia e apaziguamento do «Nosso Senhor» que andava muito zangado e com humor lábil.

Esta festa da ICAR é festa «de preceito», isto é, uma festa que obriga todos os católicos a assistirem à missa. Assim, quem trocar a liturgia pela praia comete um pecado mortal e arrisca as perpétuas penas do Inferno onde o azeite fervente e o cheiro a enxofre eram os castigos certos antes de JP2 ter abolido o Inferno.

Na dúvida, católicos romanos, amanhã não faltem à missa nem à «Procissão Eucarística na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo». Até o nome é uma delícia.

Ateu que vos avisa, vosso amigo é.