Demência mística
Há uma entidade nosológica que nunca vi abordada em tratados de psiquiatria nem ser objecto de comunicações científicas – a demência mística.
Não me refiro às bruxas que a santa Inquisição queimava após confessarem as relações sexuais com o diabo. Os métodos cristãos de investigação podem ter levado, nalguns casos, a falsas confissões enquanto, sob as sotainas, os pios inquisidores entravam em êxtase com divinos orgasmos.
Compreendo o gozo espiritual (não podia ser outro) de Teresinha de Ávila quando Jesus a visitava na cela, entusiasmo que a Irmã Lúcia não sentiu em Tui, por ser mais contida e ter visões mais pudicas.
Se os crentes têm visões que lhes pode valer a canonização, na sequência da clausura, dos jejuns ou de cogumelos, já não se percebe que a mesma síndrome afecte os clérigos.
É ocioso recordar as lucubrações sadomasoquistas dos clérigos medievais da ICAR, mas talvez valha a pena transcrever dois parágrafos do Jornal de Notícias, de hoje, a respeito de um membro do clero islâmico:
Pessoalmente, nada tenho contra. O pior é se têm leite.