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O Natal e o marketing

Da escalada de proselitismo contra a secularização do Natal fica o azedume de Bento 16, as diatribes das homilias, em missas com fregueses de ocasião, e a ruminação beata de alguns jornalistas avençados.

A ICAR, que confiscou a festa que precedeu o mito cristão, quer agora registar a marca e vender um cadáver coroado de espinhos como único pretexto genuíno dos desmandos gastronómicos do solstício de Inverno.

Ninguém é contra o Natal. Apenas a Igreja católica é contra as celebrações profanas do solstício e afadiga-se a confiscar o espaço público para expor a estrela da Companhia – o Cristo -, acompanhado da virgem que o pariu, do inocente pai, da vaca, do burro, dos reis magos e de outros animais que compõem o parque zoológico do presépio.

A prova de que o Natal é popular está na ostentação com que os autarcas de todo o País enchem de luzes, que apagam e acendem, os votos de «Feliz Natal», inúmeras Virgens de cores variadas e os milhares de Meninos Jesus que dormem em berços de lâmpadas com estrelas a vigiar o sono.

Vale-nos a mentira milenar e a encenação para que o Menino não corra o risco de ser electrocutado pelo desvelo beato dos vendedores de ilusões. Pior sorte têm os operários que fazem as decorações. No meu bairro, o electricista que procedia às decorações natalícias caiu da escada e foi hospitalizado. É falsa a religião. Assim o fosse a lei da gravidade.