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Pedofilia e assassínio

Em Fevereiro último, referi dois casos de assassinato por um padre católico, Ryan Erickson, que assassinou Daniel O’Connell e James Ellison.

Erickson, um padre ultra conservador, que se seguia por canônes pré-Vaticano II, um moralista que estava encarregue da educação sexual dos jovens da St. Patrick’s School, estava particularmente interessado em suprimir comportamentos sexuais «pecaminosos», especialmente a masturbação.

A obsessão de Erickson pela masturbação, o pecado máximo, pode ser apreciada neste «pensamento do dia» enviado por e-mail aos seus seguidores: «Nem a missa de domingo está a salvo dos trajes imodestos de alguns demónios. Elas aparecem para ler, distribuir a santa comunhão,etc…. parecendo um anúncio. Os seus trajes imodestos dizem a todos os presentes: Eu sou fácil! Vão para casa e masturbem-se pensando no meu corpo fantástico. O que é triste é que alguns fazem-no».

O misógino padre assassinou O’Connel em Fevereiro de 2002 quando este o confrontou com acusações de pedofilia. Ellison era apenas uma testemunha incómoda que foi por isso eliminado.

Ninguém o ligou aos assassinatos, excepto o padre que o perdoou pelo seu «pecado», até meados de 2004. Em Dezembro de 2004, o padre Erickson suicidou-se na igreja para onde fora transferido, St. Mary’s of the Seven Dolors, em Hurley, Wisconsin. Um dia depois de os polícias que investigavam o caso terem revistado a sua casa em busca de evidências que o ligassem aos assassinatos. Descobriram pornografia infantil no seu computador…

Erickson coleccionava armas e pornografia, consumia regularmente bebidas alcoólicas com os adolescentes a seu cargo e fora confrontado com acusações de abuso sexual anteriormente. E a hierarquia católica … recomendou aconselhamento psicológico como resposta! Três vezes! E transferiu-o do local do crime para bem longe…

Agora a família de um dos homens mortos, Daniel O’Connell, fartos do que consideram conivência da Igreja católica com os seus padres pedófilos interpuseram uma acção contra a conferência episcopal americana, em que nomeiam 200 bispos, na qual pedem os nomes e localização dos 5 000 padres acusados de abusar sexualmente de crianças, apenas nos Estados Unidos, claro.

Considerando que há menos de 30 000 padres em exercício nos Estados Unidos, este número dá uma ideia da dimensão do escândalo de pedofilia que tem abalado a ICAR americana. Mais de 17% dos padres acusados de pedofilia, um número significativamente superior aos 4% indicados como minorante do valor real no relatório de 2002. Claro que este relatório cobria um período de 52 anos, ou seja, os valores elevados dos últimos anos eram diluídos por décadas sem qualquer queixa…