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Estrutura de embriões do período câmbrico

Reconstrução tomográfica da levedura Saccharomyces cerevisiae.

A embriologia tem sido uma das áreas de investigação privilegiadas na reconstrução da história evolucionária da vida na Terra, desde que o embriologista Ernst Haeckel, nos finais do século XIX, cunhou os termos «ontogenia» e «filogenia», além do hoje familiar «ecologia». Essa reconstrução tem assentado na discussão da natureza de ancestrais comuns por identificação de características embriológicas partilhadas por espécies que derivam desse ancestral. A tarefa é dificultada pelo facto de que é complicado analisar o registo embriológico fóssil existente e só recentemente estão disponíveis técnicas que permitem olhar directamente para os embriões dos animais existentes nos primórdios da diversificação animal.

De facto, e inesperadamente, uma vez que um embrião não é algo que se esperaria fácil de fossilizar, durante a última década têm sido descobertos embriões fossilizados na China, Sibéria, Austrália e nos Estados Unidos, que fornecem informação embriológica preciosa antes, durante e após a explosão evolucionária verificada no período câmbrico.

Hoje, a revista Nature revela os resultados da investigação realizada em embriões fossilizados com mais de 500 milhões de anos, obtidos pela equipa liderada por Philip Donoghue da Universidade de Bristol, Inglaterra.

Usando uma técnica muito recente, microscopia tomográfica baseada em radiação-X sincrotrão (srXTM), e utilizando radiação sincrotrão* produzida no Swiss Light Source (SLS) em Villigen, Suiça, os cientistas reconstruiram a estrutura tridimensional de embriões de espécies que viveram no período câmbrico.

A equipa de investigação revelou detalhes da estrutura de embriões em várias fases de desenvolvimento, desde a fase inicial, que não é mais que um amontoado de células indiferenciadas, até estágios complexos do desenvolvimento embrionário em que se distinguem vários tipos de células especializadas. As células individuais podem apreciar-se com o detalhe da Saccharomyces cerevisiae reproduzida.

O trabalho de Donoghue permite ainda esclarecer algumas dúvidas em relação aos fósseis de Doushantuo, descobertos na província de Guizhou, China, entre os quais o que se considera serem embriões fossilizados, formados muitos milhões de anos antes do período câmbrico, que alguns cientistas propunham ser não fósseis de vida marinha e vegetal primordial mas sim fósseis formados a partir de cristais inorgânicos.

É cada vez mais difícil aos IDiotas, que não disfarçam as suas motivações religiosas, manter que a evolução é uma palermice: «Nós acreditamos que o [Desenho Inteligente] movimento ajuda o movimento do criacionismo bíblico porque faz com que as pessoas se apercebam da parvoíce da teoria da Evolução». Mesmo com a produção de vídeos completamente imbecis como este, que segundo o nome sonante da IDiotia William Dembski vai impedir às crianças que o vejam alguma vez acreditarem na evolução de Darwin.

*Nos aceleradores de partículas é produzida radiação sincrotrão, na gama dos raios X, devido à curvatura do feixe das partículas aceleradas. Quando uma partícula carregada é acelerada num percurso linear ou se move num percurso curvo emite radiação electromagnética.