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Dia: 15 de Julho, 2006

15 de Julho, 2006 Carlos Esperança

Aventuras e desventuras do arcebispo Emmanuel Milingo

Em 27 de Maio de 2001 decorreu sob os auspícios da Igreja da Unificação, mais um casamento colectivo – variante dos casamentos de Santo António à escala planetária – com a bizarria habitual de ser o líder religioso, reverendo Sun Myung Moon, a escolher os casais.

Os esponsais de um curandeiro zambiano e experiente exorcista, com uma médica de acupunctura sul-coreana, deram à cerimónia um picante suplementar por ser o noivo bispo da igreja católica – o arcebispo Emmanuel Milingo.

Após uma audiência com o Papa, menos de três meses decorridos sobre a boda, com a mulher na incerteza de uma gravidez, o arcebispo desapareceu para parte incerta, em retiro espiritual, a reflectir sobre a indissolubilidade do celibato dos clérigos católicos.

Maria Sung, inconformada com a abstinência matrimonial, ameaçou com o jejum e acusou o Vaticano de lhe ter sequestrado o marido. O Vaticano, por sua vez, declarou que foi de livre vontade que o prelado deixou o seio da senhora e voltou ao seio da Igreja.

Sabe-se agora que o prelado viveu enclausurado num mosteiro donde se evadiu para contestar a obrigatoriedade do celibato e – diz-se -, para se encontrar com a cara-metade.

Há muito que o arcebispo Emmanuel Milingo perdeu a autoridade, se acaso a teve, sobre os bispos sufragâneos da sua província eclesiástica, mas não perdeu a dignidade que o título e o múnus lhe conferem.

Devia o prelado ter presente que o celibato é mais importante do que a castidade (no caso do clero) e que as tentações da carne são próprias de gente vulgar que se enreda na volúpia e em paixões mundanas.

Aconteceu ao bispo pedir a Deus, nas longas noites da arquidiocese, que lhe enviasse um anjo para lhe coçar as costas ou o divino Espírito Santo para abanar as asas e lhe refrescar os calores enquanto recordava as confissões do dia.

No abandono do seu Deus, foi descurando a bênção da água e a pureza dos óleos santos. Eram outros fluidos que o apoquentavam e, por isso, trocou a mitra pelo preservativo, o anelão de ametista pela aliança matrimonial, o báculo pela médica e o hissope pela luxúria.

Deus dorme enquanto o Vaticano vela.

Assim, após quatro anos de clausura, perante a distracção dos carcereiros de Deus, evadiu-se para desespero do Sapatinhos Vermelhos e das criaturas da Cúria que não entendem que um prelado troque a luz do Espírito Santo por um sorriso e a companhia do Anjo da Guarda, surdo-mudo, pelas carícias de uma mulher.

15 de Julho, 2006 Palmira Silva

South Park strikes back

Em Março deste ano, quando o episódio «Trapped in the Closet» foi banido após Tom Cruise ter ameaçado processar a Paramount se o episódio fosse emitido outra vez, os criadores de South Park Trey Parker e Matt Stone afirmaram à Variety «Então, Cientologia, podem ter ganho ESTA batalha, mas a guerra de 1 milhão de anos pela Terra apenas começou».

E de facto a guerra do «Trapped in the Closet» foi perdida aos pontos pela Cientologia! Não só o episódio é um dos nomeados para o prémio Emmy para a melhor animação como voltará ao ar já na próxima quarta-feira no Comedy Central.

South Park versus Cientologia, uma nota da MSNBC.
15 de Julho, 2006 Palmira Silva

Milingo volta a chocar o Vaticano

Ainda há uns dias, a propósito da ligeireza com que a Igreja Católica encara a dissolução de alguns casamentos, dizia o Carlos que «Quando o arcebispo Emmanuel Milingo se casou, sob os auspícios do reverendo Moon, o Vaticano envidou esforços para que o prelado zambiano rompesse o matrimónio com a esposa, María Sung, e regressasse ao múnus e à obediência a Roma. E conseguiu»

Na realidade, parece que o Vaticano não conseguiu! Depois de ter desaparecido do convento onde vivia em reclusão (forçada?) nos últimos anos, facto que preocupou o Vaticano, o arcebispo da Zâmbia de 76 anos reapareceu em Washington e voltou a chocar os dignitários de Roma com as suas declarações públicas.

Numa conferência de imprensa em Washington, o idoso arcebispo, que aparentemente se reuniu com a sua esposa, de quem se tinha separado pelos bons ofícios do cardeal Tarcisio Bertone, agora o número 2 do Vaticano – e pela ameaça rápida de excomunhão – disse que o seu objectivo agora era acabar com o celibato obrigatório na Igreja Católica.

«Penso que é tempo de a Igreja se reconciliar com padres casados» disse Millingo. O arcebispo disse ainda que os padres que se apaixonam «têm sido levados [pela Igreja] a serem quase casos mentais» e apelou para que os padres punidos pelo seu casamento «saiam das prisões católicas e sejam reconduzidos».

O Vaticano já se declarou chocado pelas revelações do arcebispo rebelde e informou estar a considerar medidas punitivas contra o prelado.

15 de Julho, 2006 Carlos Esperança

Remodelação no Vaticano

O primeiro-ministro espanhol, Rodriguez Zapatero, pode ter sido o responsável indirecto pela rápida substituição de Joaquín Navarro-Valls pelo jesuíta Federico Lombardi.

A aleivosia, falsa, de que Zapatero era o único chefe de Governo que tinha faltado à missa do Papa pode ter apressado a saída do eterno porta-voz do Vaticano formatado nas pias leituras do «Camino» com que Santo Escrivá transformou pessoas normais em prosélitos dementes.

Pode concluir-se que a Companhia de Jesus foi reabilitada e o Opus Dei perde um lugar de grande prestígio e enorme influência no Politburo da fé católica. A substituição, que acabaria por acontecer, foi antecipada.

Haverá menos cilícios para mortificar a carne no piedoso bairro onde B16 é o regedor vitalício e todo-poderoso. Não faltarão jesuítas de todos os quadrantes políticos para assessores do Sapatinhos Vermelhos.

Para uma visão retrógrada e intolerante da sociedade basta B16. A sombra tutelar do Opus Dei no antro do Vaticano era redundante.