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«Me cago en Dios»: uma peça a ver

Fui ver o espectáculo teatral «Me cago en Dios», em exibição n´«A Comuna». Resumidamente, é uma encenação cheia de imaginação sobre um texto divertido, mas que não aponta pistas sobre como se vive sem deuses. Gostei, e recomendo a quem tiver estômago para a sátira anti-religiosa. O espectáculo estará em cena até ao dia 2 de Julho.

Quanto à mini-polémica que provocou (já referida pelo Carlos Esperança), demonstra que os católicos continuam parecidíssimos com os muçulmanos: em Madrid registaram-se agressões contra actor e autor, a ICAR espanhola pediu que o espectáculo fosse proibido, e em Portugal os clericais vandalizaram a tela que anunciava a peça, tendo também uma militante clerical sido acompanhada a casa pela PSP por duas vezes. A pulsão totalitária (o impulso irresistível para proibir os outros de fazerem, mesmo que em privado, algo com que não se concorda) é comum ao islão e ao catolicismo, e depois dos casos dos cartunes de Momé, d´«O Código da Vinci» e deste mesmo, só quem não quer é que não vê que a liberdade de expressão é um direito que se conquista e defende contra todas as religiões.

Finalmente, acrescente-se que ao contrário de uma vil calúnia posta a circular pela «civilizacionista» Helena Matos (que não deve ter visto o espectáculo), a peça não isenta o Islão de crítica (como também não isenta os neopentecostais). Um crescente islâmico (nada equivalente à Cruz Vermelha dos cristãos) está bem visível ao longo de todo o espectáculo (assim como outros símbolos religiosos), e referem-se os «milhões de mortos» do islão (e das outras religiões). E a mesquita de Lisboa fica ali do outro lado da Praça de Espanha…

Islão e ICAR, a mesma luta.