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Abdul Rahman libertado

De acordo com uma fonte oficial que pediu o anonimato, o caso de Abdul Rahman foi devolvido ao procurador geral devido a falhas processuais e Abdul Rahman será libertado muito provavelmente hoje, embora os detalhes da sua libertação sejam mantidos em segredo dadas as reiteradas ameaças da comunidade religiosa afegã em relação a esta possibilidade.

Enquanto o caso é reapreciado Rahman não necessita estar preso pelo que será libertado (e rapidamente reconduzido para um país ocidental, acrescentaria eu). À suposta insanidade mental de Rahman a tal fonte oficial acrescentou dúvidas (?) sobre a nacionalidade deste como as razões da libertação.

A solução fácil que não resolve algo foi a adoptada pelo governo afegão!

Entretanto os 300 «intelectuais» e clérigos muçulmanos que se reuniram no Bahrain decidiram um plano para nos educar, a nós infiéis, sobre o profeta. Um sheik influente exortou ainda a ONU a «produzir regras estritas que criminalizem a difamação da religião».

O autismo patente nesta reunião pode ser apreciado nas declarações de Saleh Sulaiman Al-Wohaibi, secretário geral da World Assembly of Muslim Youth (WAMY): «E nós queremos que a Europa respeite os direitos dos muçulmanos e perceba os valores da sua fé».

A ironia que esta afirmação tenha sido produzida enquanto Rahman jazia numa cadeia pela ofensa capital de se ter convertido ao cristianismo passou completamente ao lado do ilustre «intelectual». Diria que a Europa de facto respeita os direitos dos muçulmanos mas, infelizmente, o mundo islâmico não tem nem sombra de respeito pelos direitos dos não muçulmanos, mesmo em países «moderados» como a Malásia .

Quanto aos valores da fé eu diria que por muita boa vontade que os ocidentais tenham é complicado ver qualquer valor numa religião que prevê pena de morte para quem repudie essa religião.

Os clérigos muçumanos podem bramar o que lhes apetecer sobre quão ignorantes sobre o profeta e o Islão em geral são os ocidentais mas não só as suas acções nos últimos tempos não têm contribuído para o tipo de respeito que exigem (e este respeito não se exige, merece-se) como têm demonstrado numa base regular a sua total incompreensão dos valores ocidentais

Se assim não fosse a guerra dos cartoons nunca teria acontecido, já que o conceito de blasfémia está essencialmente ausente das sociedades ocidentais actuais, não obstante os esforços dos fundamentalistas cristãos em o reintroduzir. Tão ausente quanto o conceito dos direitos dos indíviduos está das sociedades islâmicas.

Mas enquanto os islâmicos se insurgem contra a intolerável intromissão dos ocidentais nos assuntos internos do Afeganistão, nomeadamente nos seus «valores» religiosos, por outro lado acham que têm o direito de intervir nos assuntos internos e nos valores, nomeadamente no direito à blasfémia, não só da Dinamarca como do restante mundo ocidental. Ao extremo de se acharem no direito de nos impor uma idiota, anacrónica e alienígena resolução que criminalize a «difamação da religião». Resta saber se consideram igualmente um direito muçulmano inalienável exigir pena de morte a quem a tal se atreva!