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Sodomized Religious Virgin Exception

A existência de mais um Opus Dei no Supremo Tribunal norte-americano, especialmente um que já demonstrou qual é a sua real agenda, deu alento aos teocratas que veêm no actual orgão máximo da justiça neste país apoiantes da sua aspiração de transformar os Estados Unidos numa teocracia cristã.

Um dos primeiros passos, de acordo com a misoginia e execração do sexo característicos do cristianismo, foi dado no South Dakota onde o governador Michael Rounds assinou no início da semana uma lei que criminaliza o aborto excepto no caso de perigo de morte da gestante.

Os esforços para que tal aconteça em mais estados da Bible Belt, nomeadamente no Ohio, Georgia e Tennessee, que assistem há meses aos esforços dos denodados fundamentalistas em levar às respectivas Câmaras de Representantes leis similares, redobraram desde que a lei no South Dakota passou e agora foi assinada pelo Governador. No Mississippi, a criminalização do aborto com excepção de violação, incesto e a saúde da gestante foi aprovada a semana passada. No Missouri foi proposta legislação em tudo análoga à do South Dakota.

Quais as motivações dos devotos cristãos, autênticos cruzados por óvulos e espermatozóides, que não têm rigorosamente nada a ver com uma pretensa «defesa intransigente da vida», é óbvio da explicação do Senador Bill Napoli, republicano (claro) do South Dakota, sobre as condições em que ele consideraria ser aceitável uma mulher abortar. Vale a pena ver e ouvir a entrevista em que o piedoso senador explica em que condições abre uma excepção, conhecida como a «Sodomized Religious Virgin Exception» por toda a blogoesfera americana. Transcrevo na íntegra para apreciação dos nossos leitores, sem me atrever a traduzir, esta pérola de raciocínio cristão, que mostra claramente que o objectivo dos teocratas nem remotamente tem a ver com protecção de óvulos e espermatozóides mas sim com a punição de mulheres que consentiram ter sexo -e, quiçá, horror dos horrores, até gostaram!

«A real-life description to me would be a rape victim, brutally raped, savaged. The girl was a virgin. She was religious. She planned on saving her virginity until she was married. She was brutalized and raped, sodomized as bad as you can possibly make it, and is impregnated. I mean, that girl could be so messed up, physically and psychologically, that carrying that child could very well threaten her life.»

Fico na dúvida se uma virgem ateia que seja brutalmente violada, sodomizada tão violentamente quanto possível constitui uma excepção para tão cristão político. Ou se tal como uma não virgem estava a «pedi-las» e em consequência merece ser punida com uma gravidez indesejada…

Como Napoli explica, o ideal cristão que defende é um regresso aos casamentos «Wild West» da sua infância em que nenhum casal se atrevia a sexo pre-marital sem que «the whole darn neighborhood» os obrigasse a um casamento, a tiro de bala se necessário. «You just didn’t allow that sort of thing» – sexo fora do casamento sem a devida punição pela comunidade – «to happen…And I happen to believe that can happen again. I don’t think we’re so far beyond that that we can’t go back to that».

Eu pessoalmente há muito que temo que esse retrocesso não só seja possível como esteja cada vez mais próximo. Desde que Roberts foi confirmado no Supremo!