Loading

O funeral da Irmã Lúcia (Bis)

Foi um espectáculo pífio ver a fé de molho e os crentes a arremeterem contra o Céu, empunhando guarda-chuvas.

O padre Borga, refugiado no estúdio improvisado da RTP, exultava com a chuva e os pés enxutos. A seu lado estava o Sr. Duarte Pio, um reprodutor serôdio, que, até prova em contrário do ADN, se reclama descendente do senhor D. Miguel, católico trauliteiro que em Evoramonte renunciou ao absolutismo e ao trono de Portugal.

Fátima foi ontem mais do que lugar de ilusão, foi o penico do Céu com a base decorada com peregrinos, onde o Padre Eterno aliviou a bexiga e evacuou granizo, a pôr à prova a resistência dos crentes.

O Sr. Duarte dizia-se conde de Ourém, como se os títulos nobiliárquicos não tivessem sido extintos antes do nascimento da Lúcia e da sua pia obsessão de converter a Rússia. Debitou lugares-comuns e informou que tinha levado três filhos ao castigo.

O padre Borga e o Sr. Duarte estavam felizes enquanto a Irmã Lúcia, reincidente no seu próprio funeral, continuou morta durante o espectáculo para promoção da fé.

Dada a fraca afluência de peregrinos, prejudicada pela intempérie que se abateu sobre a Cova da Iria, com particular violência à chegada do féretro, a ICAR pensa na repetição do acto com as três vítimas da farsa, em cerimónia comum, num funeral colectivo.