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Cada coisa no seu lugar

Os mapas de Portugal, ilhas adjacentes, colónias e o mapa-múndi devem ser retirados das igrejas.

Igual procedimento devem merecer a cadeia do agrimensor, as medidas de capacidade e os sólidos geométricos. Não é justo que uma pirâmide de madeira ocupe a patena ou as medidas de peso viagem no turíbulo por entre o fumo do incenso.

A custódia é para pôr o Senhor e não para mostrar o círculo e a circunferência. Quando se celebra a missa não se deve medir a tonsura do pároco com um compasso, para calcular a área e ensinar o valor de Pi, porque o bico pode ultrapassar o coiro cabeludo.

O altar deve ser aliviado do quadro preto e do giz. O transepto não se destina à ginástica nem as capelas laterais a instalações sanitárias. O confessionário não serve para provas orais. A sacristia não é local de recreio nem sala de reuniões pedagógicas.

É preciso respeitar os locais de culto para que os devotos respeitem as escolas. O facto de excluir o material didáctico das igrejas não significa que se expulse o conhecimento dos templos, apenas se respeita o espaço recreativo dos fiéis e o local de confraternização com o divino.

O Cristo que decora o altar não deve servir para aulas de anatomia nem as cruzes que exornam as paredes ser usadas para ensinar as contas de somar. Deve evitar-se a pia de água benta para ensopar a esponja que apaga o quadro preto ou fazer aí experiências para provar a lei de Arquimedes.

Se respeitarmos as igrejas, como devemos, estou certo de que os crentes saberão respeitar o carácter laico da escola pública.