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A estratégia da ICAR

A histérica reacção de católicos fundamentalistas relativamente à retirada dos crucifixos de algumas escolas públicas, onde houve queixas, não é apenas a beata exibição de repúdio pela lei e pela Constituição da República, é um treino para novos combates que se avizinham.

A ICAR não mandava sair as tropas de elite, com Bagão Félix e César das Neves, não comprometia por três ou quatro crucifixos que a ditadura fascista mandou colocar entre o Presidente da República da época e o Presidente do Conselho o estado-maior do Opus Dei. Não se sujeitava a afrontar a lei, por tão pouco.

A vocação prosélita e o gosto pela arruaça estão, de facto, inscritas no código genético da ICAR e na demência mística dos beatos mas a ICAR reserva a artilharia pesada para batalhas decisivas e evita desgastá-la em escaramuças.

É verdade que o desastre político de Bagão Félix e a nódoa indelével da sua última passagem pelo Governo o tornam vulnerável e lhe amesquinham o crédito, mas é ainda um dos principais activos para os trabalhos sujos da ICAR.

Não é pois o sinal mais em madeira que, sem o JC, parece um ícone de homenagem à aritmética que preocupa as lúgubres sotainas e os soturnos prelados. É a campanha pela despenalização do aborto que os eriça e azeda.

As escaramuças recentes em que a ICAR soltou os jagunços da fé para uivarem nos meios de comunicação social, não são mais do que um exercício de aquecimento para a cruzada que se avizinha, um afiar de dentes para as mordeduras que preparam.