Loading

Dia: 2 de Dezembro, 2005

2 de Dezembro, 2005 Ricardo Alves

A lei que colocou os crucifixos

aqui referi que a tradição de haver um crucifixo em cada sala de aula das escolas públicas portuguesa foi inventada pelo salazarismo (todas as tradições foram inventadas, umas há mais tempo, outras há menos; todos os dias nascem e morrem tradições). Como afirmei, a lei em causa foi aprovada na Assembleia Nacional em 11 de Fevereiro de 1936. Quem quiser pode agora consultar a Lei nº1:941, de 11 de Abril de 1936, em pdf.

A lei intitula-se «Remodelação do Ministério da Instrução Pública» (que doravante passou a chamar-se Ministério da Educação Nacional) e reza assim, na sua Base XIII:

«Em todas as escolas públicas do ensino primário infantil e elementar existirá, por detrás e acima da cadeira do professor, um crucifixo, como símbolo da educação cristã determinada pela Constituição.
O crucifixo será adquirido e colocado pela forma que o Governo, pelo Ministério da Educação Nacional, determinar.»

Conclui-se, ainda, que a ICAR nada tem que ver com este assunto: estamos a falar de uma decisão legislativa e política. Acrescento que se trata da mesma Lei que reorganiza o ensino e os programas, implementa o livro único, institui a doutrinação ideológica dos professores do ensino público, e estabelece que «será dada à mocidade portuguesa uma organização nacional e pré-militar». Vem assinada por «António Óscar de Fragoso Carmona – António de Oliveira Salazar – António Faria Carneiro Pacheco». Quem quiser repetir o argumento da tradição, depois não se admire se alguém lhe chamar fascista…
2 de Dezembro, 2005 Carlos Esperança

Dois anos de Diário Ateísta

O aniversário do Diário Ateísta serviu para vómitos de raiva beata bolsados nos mais execráveis antros da blogosfera.

Devotos que gostariam de fazer do crucifixo material de construção ou, no mínimo, substituir com ele o papel de parede, destilaram ódio, insultaram os autores do Diário Ateísta e ameaçaram com agressões físicas.

As santas alimárias não se deram conta de que ressuscitaram o espírito das cruzadas e expuseram o desvelo inquisitorial que lhes vai no íntimo.

Quero crer que tenha sido uma remessa de hóstias estragadas, com o prazo de validade excedido, que lhes avariou o fígado depois de perderem os neurónios com a embriaguez mística.

As autoridades de saúde deviam tomar precauções relativamente à «sagrada espécie», exigir análises bacteriológicas e obrigar à certificação com o código de barras.

Não podemos deixar que os poucos católicos fundamentalistas se envenenem com um placebo que designam como «alimento da alma». Fazem falta à diversidade zoológica.