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Igreja católica – cúmplice do nazismo

Não sei o que leva os crentes inveterados que nos visitam a angustiarem-se com o apoio da ICAR ao nazismo ao arrepio do exemplo dos seus bispos e papas.

É curioso que nunca se tenham dado conta de que a Igreja católica, tão rápida a disparar excomunhões contra a ciência, nunca tenha excomungado o bem-amado Führer ou, para disfarçar, tivesse incluído «A minha luta» no Index Librorum Prohibitorum.

Para a ICAR o assassínio era o castigo justo dos judeus pelo mal que estes tinham feito ao seu Deus – Jesus Cristo. Não é por acaso que Pio IX os chamava «cães» e autorizava o rapto de crianças judias para baptizar. Era sinistro e chegou a beato pela mão de JP2.

Mas se a crueldade dos papas é óbvia, a estupidez é deveras surpreendente. Só o ódio vesgo de crápulas anti-semitas a pode justificar.

Vou traduzir alguns trechos do «Traité d?athéologie» de Michel Onfray, 2005 ? Ed. Grasset (pg. 221/22):

«Do nascimento do nacional-socialismo à cobertura dos criminosos de guerra do III Reich, depois da queda do regime, ao silêncio da Igreja desde sempre, e mesmo hoje – ver a impossibilidade de consultar os arquivos sobre este assunto no vaticano -, o património de S. Pedro, o herdeiro de Cristo, foi também o de Adolfo Hitler e dos seus nazis, fascistas franceses, colaboracionistas, vichystas, milicianos e outros criminosos de guerra.

Eis os factos: A ICAR aprova o rearmamento da Alemanha, indo contra o tratado de Versalhes (…); a ICAR assina uma concordata com Adolfo Hitler após a chegada do chanceler ao poder em 1933: a ICAR silencia o boicote aos comerciantes judeus, cala-se na proclamação das leis raciais de Nuremberga em 1935, guarda silêncio após a Noite de cristal em 1938; a ICAR fornece o seu ficheiro de arquivos genealógicos aos nazis que sabem a partir daí quem é cristão, portanto não judeu; a ICAR reivindica, no entanto, o «segredo pastoral» para não comunicar o nome dos judeus convertidos ao cristianismo ou casados com cônjuge cristão; a ICAR sustenta, defende, apoia o regime pró-nazi de Ante Palevic na Croácia; a ICAR dá a sua absolvição ao regime colaboracionista de Vichy a partir de 1940; a ICAR, ao corrente da empenhada política de exterminação desde 1942, não condena, nem em privado, nem em público, jamais ordena a algum padre ou bispo que condene o regime criminoso perante os fiéis.

As forças aliadas libertam a Europa e descobrem Auschwitz. Que faz o Vaticano? Continua a apoiar o regime derrotado: a ICAR, na pessoa do cardeal Bertram, ordena uma missa de Requiem à memória de Adolfo Hitler; a ICAR fica em silêncio e não manifesta reprovação pela descoberta de pilhas de ossos, câmaras de gás e campos de exterminação; A ICAR, pelo contrário, organiza para os nazis sem Führer o que nunca tinha feito por qualquer judeu ou vítima do nacional-socialismo: organiza a fuga dos criminosos de guerra para fora da Europa; a ICAR utiliza o Vaticano, dispensa papéis com vistos, activa uma rede de mosteiros europeus como esconderijos para assegurar a segurança dos dignitários do Reich desmoronado; a ICAR nomeia para a sua hierarquia pessoas que ocuparam funções importantes no regime hitleriano; a ICAR jamais lamentará – enquanto oficialmente não reconhecerá nada disso».

Isto são factos que merecem penitência e algum pudor na defesa da ICAR.