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Pat Robertson pede o assassínio de Hugo Chávez

Pat Robertson, o pastor evangélico que é o ex-libris dos teoconservadores ou «religious right», fundador da Coligação Cristã e director executivo da CBN (Christian Broadcast Network), que esteve envolvido recentemente numa polémica depois de ter afirmado no programa «This Week with George Stephanopoulos» que os terroristas que perpetraram o 11 de Setembro são apenas «alguns terroristas barbudos que voam contra edíficios» e que a verdadeira ameaça para os Estados Unidos são os juízes federais que não partilham os seus pontos de vista em relação ao aborto, discriminação de homossexuais e mulheres e as outras aberrações em relação aos direitos humanos que são a imagem de marca de qualquer fundamentalista religioso, islâmico ou cristão, voltou às luzes da ribalta. De facto, depois de ter afirmado que os ditos juízes são uma ameaça maior para a América que os terroristas, Nazis durante a segunda Guerra Mundial ou a Guerra Civil no século XIX, o que provocou um prevísivel repúdio, Pat Robertson vem agora pedir o assassinato do presidente venezuelano Hugo Chávez.

Robertson, que foi ainda o fundador da Coligação Cristã da América (Christian Coalition of America) e candidato à nomeação repuplicana para as presidenciais em 1988, afirmou segunda-feira no seu programa «700 Club», transmitido para milhões de pessoas no globo pela CBN, que o presidente venezuelano transformaria o seu país «num ponto de lançamento para a infiltração comunista e extremismo muçulmano em todo o continente» e assim, matar Chávez, um aliado de Fidel de Castro, seria «muito mais barato que começar uma guerra». Acrescentando que «Nós temos a capacidade de o matar e eu penso que é tempo de exercer essa capacidade. Nós não precisamos de outra guerra de 200 biliões de dólares para nos vermos livre de outro ditador poderoso. É muito mais fácil deixar que alguns dos operativos infiltrados façam o trabalho e acabem com o problema».

O governo venezuelano, pela voz do vice-presidente Jose Vicente Rangel, respondeu ontem afirmando que as observações de Robertson são «declarações terroristas», condenando-as como um incitamento ao assassínio de Chàvez e pediu às entidades oficiais americanas que tornem claro que as leis anti-terroristas se aplicam não só aos radicais muçulmanos mas «até para tais cristãos»:

«É uma enorme hipocrisia manter um discurso anti-terrorista e, ao mesmo tempo, no coração desse país existirem declarações completamente terroristas como essas».

Até agora a única reacção da administração Bush consistiu na declaração que Robertson é um cidadão privado que proferiu palavras «inadequadas» que não reflectem a posição da administração americana.

Quiçá Robsertson tenha sido inspirado pelas piedosas palavras do Cardeal Rosalio Castillo Lara, um determinado opositor de Chávez, que «pede a Deus que nos liberte deste flagelo (Chávez, claro)», e considere que o exorcismo recomendado pelo mui católico Cardeal não é suficiente!

E como nota adicional da BBC, refere-se que a Venezuela é o 5º produtor mundial de petróleo e um grande fornecedor dos Estados Unidos.