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A ICAR no Brasil

O carácter arqueológico, que é apanágio da ICAR, revela-se com particular violência na América do Sul onde o tratamento reservado aos autóctones está a meio caminho entre o carinho que prodigalizava aos índios na doce tarefa da evangelização e aos hereges nos tratos piedosos da Inquisição.

Na sequência da 43ª Assembleia Geral da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), uma reunião de inveterados celibatários, todos do sexo masculino, tomaram, entre outras, as seguintes decisões:

1 – Pedir ao presidente Lula que «não sancione nenhuma lei que atente contra o direito à vida, por exemplo a aprovação de qualquer tipo de aborto», ou seja, nem em caso de violação, risco de vida para a mãe ou malformações congénitas;

2 – Condenar as iniciativas do Executivo brasileiro, como «a distribuição maciça de preservativos, além de produtos abortivos como o DIU e as assim chamadas pílulas do dia seguinte».

3 – Recordar a carta do Presidente Lula à CNBB em que se comprometia a «não tomar nenhuma iniciativa que contradiga os princípios cristãos», esperando a CNBB que «tais propósitos sejam traduzidos em gestos concretos, inclusive quando isso exigir o exercício do seu poder de veto», quer quanto a projectos de lei, quer quanto à afectação de recursos financeiros.

Em suma, condicionar a sociedade civil, intrometer-se na política e impor os seus preconceitos a todos os cidadão, independentemente de acreditarem ou não na virgindade de Maria e na castidade dos Srs. Bispos, é o objectivo da ICAR.