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O Reino dos Céus

Tal como o «Código da Vinci», o filme «O Reino dos Céus» também é uma obra massificada que feriu muitas susceptibilidades cristãs.
Vi este filme pouco depois de ter estreado.

Centrado no século XII, e na época das cruzadas, «O Reino dos Céus» conta a história de um simples ferreiro que se torna cavaleiro e herói, salvando a população de Jerusalém de uma pilhagem que poderia ser devastadora.

Antes de ver o filme, sabia que o realizador era o Ridley Scott (não é propriamente um dos meus realizadores favoritos), que a temática era medieval (umas das minhas temáticas favoritas) e que era uma grande produção.

Tendo visto o filme verifiquei que, não sendo propriamente um marco «na história do cinema», é um filme agradável e interessante. Recomendo que, depois de ver o filme, se veja este artigo da wikipedia ou se faça alguma pesquisa na internet, para verificar que partes do argumento do filme são fiéis à história, e que partes surgiram apenas da fértil imaginação dos argumentistas

Como vêem, as conclusões são muito semelhantes às relativas ao «Código da Vinci», mas as parecenças não terminam aí…

E sobre o ateísmo?
O filme está muito longe de ser uma perspectiva ateia sobre o que nos rodeia. O filme parece imerso num apelo à espiritualidade, e embora não ataque directamente qualquer posição mais materialista ou racionalista, entendemos facilmente que os argumentistas pretendem transmitir um sentimento, de alguma forma, religioso.

No entanto, procurando opiniões sobre o filme, facilmente constatamos que muitos cristãos sentiram que o filme era um verdadeiro ataque que lhes era dirigido. Um dos casos com mais relevo terá sido o da CBN (Christian Broadcast Network), com mais de 2000 estações de rádio e 36 canais televisivos cristãos. Na página da rede que dedicaram à crítica do filme, é possível textos como este (do qual dei conta via Barnabé):

Se a Igreja se deixar enganar […] vamos voltar ao velho problema de estarmos cheios de ódio por nós mesmos; de toda a gente ter de viver em harmonia; de toda a gente ter de se esquecer das suas raízes religiosas; e temos de parar de tentar evangelizar e parar de tentar mudar os muçulmanos e temos de lhes pedir desculpas. Chegados a esse ponto vamos pelo cano abaixo e caímos nos braços de uma religião corrompida e demoníaca.» [in “Thoughts on ‘The Kingdom of Heaven’: A Discussion with Dr. Ted Baehr by Craig von Buseck”]

E porquê toda esta histeria? Porque as várias acusações (por parte de várias fontes diferentes) do filme «atacar o cristianismo»? Ser «contra a Igreja»?

A crença, por parte de vários cristãos, de que «O Código da Vinci» e «O Reino dos Céus» são ataques à Igreja, é preocupante e assustadora. Não pela susceptibilidade que revela, mas pela estreiteza de perspectivas, pelo horror à pluralidade.
Depois de ver algumas críticas furiosas a este filme, é mais fácil ter noção da quantidade de gente que considera ofensivo relembrar o passado; e da quantidade de lavagens revisionistas que por aí polulam.