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Resposta a um fundamentalista

O «Diário as Beiras» não pode assumir a responsabilidade pelos despautérios dos seus colaboradores. Não acusarei, pois, o simpático diário de cúmplice na campanha de terrorismo que grassa em certos meios. É até um sinal de pluralismo que pode provocar justa repulsa pelas posições defendidas.

Em 19 de Maio, o pio colaborador Joaquim Cardozo Duarte (JCD) faz a apologia dos dislates do padre Domingos de Oliveira que na paróquia de Lordelo do Ouro, no Porto, vocifera contra o preservativo e o aborto.

No seu artigo «Aborto e infanticídio» afirma: «O que o padre Domingos disse está certo e mais não é do que aplicar a uma situação concreta o que o Evangelho da Vida, a Encíclica de 1995 de João Paulo II, propõe, sobre a inviolabilidade da vida humana, desde o momento da concepção até à morte natural» [sic].

Acontece que o padre que mereceu a total concordância de JCD afirmou textualmente: «matar uma criança no seio materno ainda é mais grave do que matar uma menina de 5 anos». Para cúmulo, tão iníqua afirmação foi proferida na homilia da missa do 7.º dia, mandada celebrar pela mãe de Vanessa, uma menina de 5 anos assassinada com rara crueldade pelo pai e pela avó e lançada ao rio Douro.

O padre disse com toda a clareza que é menos grave matar cruelmente a menina de 5 anos do que interromper uma gravidez de um embrião de 5 semanas. Isto é terrorismo a que a benevolência do Diário as Beiras deu guarida. JCD solidarizou-se com uma campanha que prima pela baixeza e grosseria.

O padre Domingos Oliveira trouxe-me à memória Frei Gaspar da Encarnação a quem Camilo designava por «santa besta». Claro que eu não me atrevo a usar tal epíteto para o pároco de Lordelo do Ouro, por três razões: porque não o conheço, não quero ser deselegante e ele pode não ser santo.

Obs.: Este texto foi ontem enviado ao jornal onde JCD, sacerdote católico, é colaborador habitual.