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Um talibã com tiara

O Espírito Santo deixou de ser uma das alegadas pessoas da Santíssima Trindade para se transformar num lacaio do Opus Dei – uma espécie de Al-Qaeda da ICAR -, por ora sem braço armado, mas com recursos financeiros inesgotáveis.

Só assim foi possível que o Inquisidor-Mor da Cúria romana tenha sido feito Papa pelos 115 cardeais alumiados por essa lamparina de serviço aos conclaves – o Espírito Santo -, que ilumina pouco mas é suficiente.

É verdade que Ratzinger, segundo alegou, pediu a Deus para não o fazer Papa, donde se deduz uma de três coisas: Deus não o ouve, o que é pouco recomendável para quem se apresenta como seu representante; mentiu descaradamente à clientela pois, desde um clube de fãs até à homilia para sufragar a alma de JP2, que bem precisava, tudo fez para influenciar os outros cardeais e reunir o número de votos necessários à sua eleição; ou, pura e simplesmente, Deus não existe.

Passada a eleição, feita ao jeito do centralismo democrático, que os partidos comunistas já abandonaram e que a ICAR conserva, Bento XVI sucedeu a JP2. Este conheceu o nazismo, o comunismo e o catolicismo, três formas extremas de repressão e tornou-se o ayatola católico que uma imensa máquina de propaganda pretendeu humanizar. Bento XVI só conheceu o nazismo e o catolicismo. É o homem certo para uma boa síntese.

O Mullah Ratzinger não era um piedoso beato agarrado ao hissope ou que passasse as noites a rezar o terço para aplacar a ira de Deus, que tem um feitio ruim, é rancoroso e gosta de intimidar os crentes e vê-los a rastejar ou de joelhos. O supremo Inquisidor admoestava os livres-pensadores, proibia livros e perseguia réprobos.

Já em 1988 escrevia que «A Igreja (leia-se ICAR) deve ter direitos e fazer exigências sobre lei civil e não pode meramente retirar-se para a esfera privada». É a esta luz que deve ser compreendida a desvairada ofensiva contra o Governo espanhol por causa dos casamentos homossexuais e o fim da obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas públicas.

Aqui ficam alguns pensamentos do talibã Ratzinger, de acordo com o seu último livro «Dios y el mundo» apresentado em 29 de Abril, em Espanha, pelo secretário-geral da Conferência Episcopal e pelo teólogo do Opus Dei, Josep Ignasi Saranyana, comentado por ANTONIO M. YAGÜE – MADRID «El Periódico 30/04/05»:

– A família tradicional, abençoada por Deus, «é a maneira correcta de ordenar a sexualidade»;
– É contra os casamentos homossexuais;
– Defende o veto da Igreja aos contraceptivos;
– Condena o uso do preservativo: « A miséria resulta da desmoralização social e a propaganda do preservativo é parte dessa desmoralização»;

Os apresentadores, acima referidos, não regatearam elogios ao livro. Disseram que foi uma bênção para a Igreja que o Inquisidor estivesse 24 anos à frente do ex- Santo Ofício. «Será o Papa da evangelização da Europa» – ameaçou Saranyana.

O Episcopado espanhol e o Opus Dei dizem que a obra contém a chave do pontificado.

É bem feita para os católicos mas os outros podem defender-se do pastor alemão. A vacina contra a raiva chama-se laicidade.