Loading

Habemus Pontificem

Agora que terminou o circo mediático em volta das exéquias fúnebres do Papa JP2, a ICAR prepara o lançamento do próximo.
Desta vez o Papa morreu de morte natural, não há a falência do Banco Ambrosiano a comprometer a Cúria romana e o arcebispo Marcinkus, que financiou a candidatura de Karol Vojtyla através do banco do Vaticano, encontra-se esquecido numa diocese americana fugido à justiça italiana com a cumplicidade de JP2 que negou a extradição do seu antigo protector.

O Espírito Santo está de férias e o Opus Dei encontra-se no centro da intriga, dos golpes e influências que hão-de levar o colégio cardinalício a entregar o poder nas mãos do novo papa, sem que qualquer escândalo se vislumbre no horizonte. O consumo de cereais para o fabrico de hóstias baixou drasticamente.

Os conclaves têm histórias pouco edificantes e duração indeterminada. Júlio II foi eleito após algumas horas. Para eleger Gregório X o conclave arrastou-se 1095 dias. Desta vez não se prevê grande demora e é provável que no dia 18 próximo seja escolhido o novo gerente porque há negócios urgentes da ICAR à espera de despacho.

Dos 117 cardeais que vão sentar-se na Capela Sistina apenas três não devem o barrete cardinalício a JP2 que foi substituindo os que eram abatidos ao activo por bispos dóceis, conservadores e subservientes. A ICAR de hoje é mais monolítica do que a que Wojtyla confiscou em seu proveito para maior glória de Deus e proveito do Opus Dei, de quem fez prelatura pessoal, e de outras seitas mais ou menos fanatizadas.

Os órfãos de JP2, que tanto choraram o defunto, serão os mais histéricos a manifestar o júbilo pelo seu sucessor, cujo perfil é o seguinte:

Católico do sexo masculino, cardeal, sem escândalos públicos ou vícios conhecidos, bem visto pela prelatura Opus Dei, preferencialmente italiano, conservador, poliglota e que finja acreditar em milagres e aparente acreditar em Deus.

Habemus Pontificem.