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Tolerância religiosa

Um dos meus locais favoritos na World Wide Web é a página mantida pela organização Ontario Consultants on Religious Tolerance, que inclui nos seus membros ateus, agnósticos, cristãos, budistas zen e Wiccas. Uma página muito informativa, com mais de 2 500 ensaios sobre temas religiosos e onde são analisados de forma objectiva e desapaixonada os assuntos mais relevantes sobre religião. Os objectivos da organização são a promoção da liberdade religiosa, tolerância e diversidade.

Tudo isto a propósito da confusão que alguns dos nossos leitores fazem entre intolerância em relação às religiões e posts onde se denunciam acções, passadas ou presentes, que consideramos danosas dos direitos humanos, dos valores éticos de uma sociedade que se quer de facto no século XXI e do laicismo. Os ateístas que escrevem neste blog são tolerantes em relação a qualquer ideia ou moral individual e defendem a total liberdade religiosa. Somos quiçá intolerantes em relação a práticas religiosas que culminem em discriminação, seja ela de credo, sexo, orientação sexual ou cor da epiderme. Ou em relação às tentativas de qualquer religião para impor aos demais os seus dogmas e limitar a liberdade religiosa.

Num mundo cada vez mais global em que urge a coexistência pacífica, especialmente de credos (ou inexistência deles), qualquer grupo que pretenda ser o detentor intolerante da verdade e moral absolutas, que se arrogue divina e superiormente justificado para impor a sua forma de ver e estar na vida é uma ameaça à paz e à justiça. Todos nós somos testemunhas do perigo dos fundamentalismos religiosos. Os que têm curiosidade em investigar a História sabem que nada de bom adveio do absolutismo religioso em termos do que deveriam ser os valores universais, independentes dos deuses por que cada um jura, nomeadamente o respeito pelo outro.

A paz, a justiça, os direitos e a própria sobrevivência do homem só serão de facto possíveis quando as religiões se remeterem para o foro privado, que deveria ser o seu papel, sem tentativas de imiscuição na vida pública. Sem julgamentos de valor sobre a qualidade moral dos que não subscrevem a respectiva religião porque os preconceitos e o sentimento de superioridade moral resultantes justificam (e justificaram) as acções mais ignóbeis de que a Humanidade foi vítima. E é urgente que o não esqueçamos! Por isso o recordamos frequentemente…