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O Banco do Vaticano

Há em Roma um bairro de 44 hectares, recheado de monsenhores, cónegos, bispos e cardeais, com inúmeras freiras a fazerem o trabalho doméstico de tais dignitários, convencidas de que estão ao serviço de Deus. As vestes coloridas que acompanham a curvatura dos ventres dão um ar garrido ao bairro. O Papa é o patrão daquela malta, que passa revista às igrejas e se mostra aos inúmeros peregrinos que ali vão com o mesmo encantamento com que em crianças demandavam o circo.

O que nem todos sabem é que o Vaticano tem um poderoso Banco que sustenta a fé e alimenta o poder da Cúria romana. O dinheiro é o alimento espiritual do clero. Ao Papa é indiferente que as pessoas da Santíssima Trindade sejam três ou trezentas, mas não é insensível às cotações da Bolsa, ao preço do petróleo ou à subida dos juros.

Sabe-se que o Deus lá do sítio gosta de dinheiro, razão dos frequentes apelos do clero aos fregueses para que paguem a sustentação do culto e a divulgação da fé.

Mas o que poucos sabem é que o Vaticano faz parte das dez maiores praças financeiras de branqueamento de capitais. Calcula-se que seja o destino principal do equivalente a 55 mil milhões de dólares americanos de dinheiro sujo italiano. O Banco do Vaticano é um dos principais paraísos fiscais para o branqueamento do dinheiro sujo, muito à frente das Bahamas, Suíça e Liechtenstein, o que não admira pois o Paraíso é mesmo o seu principal negócio.

Talvez não fosse acaso o facto de ao Papa João Paulo I, poucos dias após ter anunciado um inquérito ao Banco, ter sido Deus servido de o chamar à sua divina presença.

Sabe-se como o Banco do Vaticano defende o ouro confiscado aos judeus, vítimas do holocausto, opondo-se a qualquer investigação que desmascare a sua conivência como receptador internacional de alto gabarito. É mais firme o Banco na defesa do dinheiro do que os padres na defesa da virgindade de Maria.