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Concordata no Parlamento

30 de Setembro de 2004  |  Escrito por André Esteves  |  Publicado em Não categorizado  |  Comentar

Hoje, uma das maiores vergonhas do Portugal democrático vai-se desenrolar no parlamento. Agendado a partir do nada no último mês, a concordata com o Vaticano irá ser posta a ratificação no parlamento.

Todo o processo que envolve a concordata têm se demonstrado anti-democrático. Primeiro foi o início das negociações, sem qualquer conhecimento público, por parte do governo socialista de Guterres. Depois, as circunstâncias que envolveram a sua assinatura-relâmpago no Vaticano, com o primeiro ministro de então, Durão Barroso.

Hoje, com um governo de legalidade democrática discutível a concordata vai a ratificação no parlamento. Os deputados irão ratificar um acordo com um discutível estado, em que nem a negociação das partes do acordo relacionadas com o estatuto dos capelães do exército, nem o relacionamento fiscal da Santa Sé e da ICAR com o estado português estão concluídas.

Na realidade, o parlamento passará um contrato em branco, de uma forma completamente irresponsável, para que o governo e a Santa Sé se divirtam a preenchê-lo com o que lhes der na veneta.

É um dos pontos mais baixos do parlamento português e a mais completa afirmação de hipocrisia do seu presidente, demonstrando que a suas fidelidades espirituais são mais fortes que o seu contrato com o povo, pelo qual afirmou no início do seu mandato, querer restaurar o prestígio da instituição. Se o afirmou com honestidade, teria pelo menos impedido a agendação desta moção, nestas condições.

É com vergonha que também observo os crentes de outras denominações, que levados pela armadilha do multi-culturalismo de segunda da «Lei da liberdade religiosa», se colocam de lado, julgando que ganharam alguma coisa, mas que irremediavelmente diminuiram parte dos seus direitos e dos outros cidadãos. A isso, chamo eu egoísmo e vistas curtas.

Sinto mais vergonha, ainda, como ateu, ter votado num Presidente da Républica com quem julgava partilhar alguma da visão e percurso de vida, que outros ateus compartilham. O conhecimento de que as religiões são o ovo de onde nasce uma visão dogmática do mundo e logo fonte de ditaduras, manipulações e fascismos.

Onde esteve, Sr. presidente? Com vergonha de ser chamado ateu, quando devia ter protegido os direitos de TODOS os portugueses?

Depois do dia de hoje, qualquer português não católico será um cidadão de segunda classe e os católicos portugueses estarão menos próximos do seu deus.

Lembremo-nos de Mateus 22:21

Responderam: De César. Então lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus

Na ICAR a tradição é mais importante que a palavra de Deus. E agora, contra a nossa vontade e pela cupidez de alguns, passou a ser também a nossa tradição, até ao final dos tempos…

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