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A religião e os interesses nacionais

Como várias vezes foi aqui referido no Diário de uns Ateus, a obsessão do Papa JP2 por uma Croácia católica precipitou a desintegração da Jugoslávia e provocou a imensa catástrofe que se conhece.

Os interesses da Alemanha e do Vaticano conjugaram-se para fazer da Croácia, país que foram os primeiros a reconhecer, a brecha por onde emergiram as rivalidades étnicas, se acicataram os ódios religiosos e despontou o caos.

Helmut Kohl, europeísta convicto que aprecio, e João Paulo II, sem qualquer razão para admirar ou respeitar, foram os principais responsáveis pela maior tragédia europeia depois da guerra de 1939/45.

No julgamento a que está a ser submetido no Tribunal Penal Internacional, Slobodan Milosevic, criminoso de guerra que foi Presidente da Sérvia, eleito democraticamente (ao contrário do Papa), acusou o Vaticano e a Alemanha de terem formado uma «união perfeita» para destruírem os Balcãs e o Vaticano de querer «destruir a Sérvia para assegurar a sua expansão em direcção ao Leste». (1)

Independentemente dos crimes de que é acusado, e pelos quais responde, as suas acusações não são calúnias de um vencido, são verdades que a história corrobora. Infelizmente só os criminosos caídos em desgraça são julgados. Os outros dizem missas, fabricam santos, vendem indulgências, intrigam e corrompem ou gozam a reforma.

Apostila – (1) As negociatas em torno do ícone de Kazan revelam o proselitismo que devora o Papa. A devolução à igreja ortodoxa russa da imagem extorquida, tem sido acompanhada de forte movimentação diplomática do Vaticano para permitir a JP2 a realização de um comício na Rússia. O desejo tem-lhe sido sistematicamente recusado, por questões de defesa do mercado da fé cujo monopólio a Igreja ortodoxa pretende assegurar, à semelhança da sua concorrente ICAR nas regiões onde domina.