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Dia: 12 de Junho, 2004

12 de Junho, 2004 Carlos Esperança

As relíquias da ICAR estão a baixar a cotação



A bolsa de valores religiosos tem sofrido, com os tempos, uma lenta erosão no que diz respeito às relíquias, que envaideciam os proprietários e levavam a confiança aos domicílios onde repousavam.

Tempos houve em que a febre das relíquias deu origem a um próspero negócio e à criação de uma indústria de falsificações cujos exemplares rivalizavam com os verdadeiros a conceder graças e a obrar milagres.

Assim se distribuíram por paróquias uma dúzia de braços de S. Filipe, só ultrapassado por Santo André a quem colocaram 17 para gáudio e piedade de crentes de igual número de paróquias.

Às vezes eram bizarras as relíquias, mas não menos inspiradoras de piedade, como aconteceu com o rabo do burro que carregou a Virgem Maria, com uma pena de asa do arcanjo Gabriel ou com as línguas do Menino Jesus. Mas foi a piedade, a imensa piedade, e a raridade de peças genuínas no mercado, que levou Santa Juliana a ter 40 cabeças dispersas para piedosa contemplação dos crentes.

Nem vale a pena falar do santo Prepúcio, relíquia comovedora, por ter pertencido a Jesus Cristo. Dos vários que houve (prepúcios, porque JC só houve 1), a um único foi passado certificado de garantia e, depois, até esse foi declarado falso. Entenderam os cardeais que JC não poderia ter ressuscitado sem ele e, a partir daí, pairou a ameaça de excomunhão para os crentes que se lhe referissem, mesmo para os que tinham obtido graças por seu intermédio.

Enfim, as relíquias da ICAR, quase sempre a roçar o macabro, peças de santos desidratadas ou mumificadas, estão hoje com cotações tão baixas que arruinaram o mercado das falsificações. Só as peças de santos e beatos fabricados no pontificado de JP2 exigiriam armazéns imensos e uma rede de frio de invulgar capacidade para as conservar. Ficaria mais cara a armazenagem do que o valor da mercadoria.

Na primeira visita que fiz a Itália, há mais de 30 anos, fartei-me de ver relíquias, ao mesmo tempo que me inebriava com a beleza das pinturas e esculturas que decoravam magníficas catedrais onde várias vezes voltei deslumbrado pela beleza, desprezando a piedade.

Mas foi na primeira vez que, depois de muitos ossos exibidos, a guia obrigou o grupo a observar um esqueleto inteiro, em excelente estado de conservação, devido às virtudes que em vida exornaram o proprietário. Mais importantes do que as graças que concedia eram os exemplos de piedade que tinha deixado. Era o orgulho da paróquia, uma pequena localidade próxima de Nápoles, pertença de uma pequena comunidade que possuía uma igreja e relíquias de fazer inveja a muitas cidades.

Estava a guia empolgada, a falar das virtudes do santo cujo esqueleto exibia, quando alguém lhe perguntou de quem era um esqueleto mais pequeno que se encontrava próximo. Sem perder o fio à meada, respondeu de imediato:

– Era do mesmo santo, quando era mais novo.

12 de Junho, 2004 jvasco

O Inferno é exotérmico ou endotérmico?

Num artigo meu anterior acerca da temperatura relativa entre o Céu e o Inferno um leitor comentou (e bem) que os cálculos efectuados partiam da presunção que a pressão no Inferno era a pressão atmosférica. Um pressuposto bastante questionável…

Comecei imediatamente uma pesquisa sobre a pressão do Inferno, que me levou a uma história muito interessante que aqui reproduzo. Consta que um professor perguntou num teste se “O Inferno é exotérmico”. Ao que um aluno terá respondido:

«Primeiramente, postulamos que se almas existem entao elas devem ter alguma massa. Se elas têm, entao uma mole de almas também tem massa. Então, a que taxa se estão as almas movendo para fora e a que taxa se estão movendo para dentro do Inferno? Eu acho que podemos assumir seguramente que uma vez que uma alma entra no Inferno ela nunca mais

sai. Por isso não há almas a sair.

Para as almas que entram no Inferno, vamos considerar as diferentes religiões que existem no mundo hoje em dia. Algumas dessas religiões pregam que quem a ela não pertença vai para o Inferno. Como há mais de uma religão desse tipo e as pessoas não possuem duas religiões, podemos concluir que todas as pessoas e almas vao para o Inferno. Com as taxas de natalidade e mortalidade como estão, podemos esperar um crescimento exponencial das almas no Inferno. Agora vamos olhar a taxa de mudança de volume no Inferno. A Lei de Boyle diz que para a temperatura e a pressão no Inferno serem as mesmas, a relaçao entre a massa das almas e o volume

do Inferno deve ser constante. Existem entao duas opções:

1) Se o volume do Inferno se expandir a uma taxa menor do que a taxa com que as almas entram, entao a temperatura e a pressão no Inferno vão aumentar até que este expluda.

2) Se o volume do Inferno se expandir a uma taxa maior do que a entrada de almas, então a temperatura e a pressão irão baixar até que o Inferno congele.

Então, qual das duas hipóteses é verdadeira?

Se nós aceitarmos o que a menina mais atraente da FATEC me disse no primeiro ano: “haverá uma noite fria no inferno antes de eu me deitar contigo”, e levando-se em conta que ainda NÃO obtive sucesso com ela, nem se prevê que obtenha, entao a opção 2 não é verdadeira.

Por isso, o Inferno é exotérmico
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