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Dia: 29 de Março, 2004

29 de Março, 2004 Carlos Esperança

Não é só o Islão que é mau, as religiões são todas péssimas

O Diário de uns Ateus não responde, em regra, aos comentários dos visitantes. Quem se incomoda a ler os meus textos há-de reconhecer que sou generoso a zurzir todas as religiões. Não é pois o islão o alvo predilecto, como se verá no texto que publiquei no Expresso em 13-09-2003 e que mereceu destaque em «Correio Azul». Mas seria ingénuo não denunciar o carácter fascista do Corão. Basta lê-lo.

Quanto ao texto referido, aqui fica:

Já dizia Voltaire que «o fanatismo é a doença do espírito» mas não creio que seja monopólio do islamismo. É por isso que discordo do Editorial «O inimigo invisível» (EXPRESSO, 6/9/03): é injusto e pouco rigoroso.

A pretexto do execrável atentado que vitimou Sérgio Vieira de Melo escreveu o Expresso: «O fosso entre o Islão e o Ocidente é tão fundo, a diferença cultural tão grande, o ódio tão generalizado – sobretudo entre as organizações fundamentalistas –, que os ataques terroristas tendem a perpetuar-se».

Os árabes produziram pensadores como Avicena (980/1037) e Averróis (1126/98) não sendo, pois, o fanatismo islâmico inevitável. A concepção actual do mundo e o processo da sua progressiva secularização devem mais à influência de Averróis do que aos santos doutores da igreja católica. Acontece que a pobreza e a ignorância são o caldo de cultura onde medram a fé e a intolerância.

O ódio entre xiitas e sunitas não é inferior ao que prodigalizam ao Ocidente. É equivalente ao que dividiu os cristãos.

A exaltação do martírio e o proselitismo são apanágio de qualquer religião do livro. Não me parece que os religiosos judeus sejam mais tolerantes que os do Islão. O pastor presbiteriano que foi executado na Florida, Paul Hill, por ter assassinado um médico que praticava abortos, não era menos violento do que o facínora islâmico do atentado de Bali e até no sorriso se notava a mesma ânsia do Paraíso.

João Paulo II na sua obsessão de incluir uma referência ao cristianismo na futura constituição europeia é mais moderado do que o clero islâmico que não abdica de regimes confessionais. Mas é mera diferença de registo.

O fosso não é entre religiões, é entre estas e o laicismo.