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Há 25 anos

Nos tempos que correm e com o constante atropelo do princípio fundamental da laicidade do Estado perpretado não só por membros de grupos ligados à religião, mas também por elementos do Governo, talvez tenhamos, um dia, um ressurgimento de um movimento semelhante.

JN há 25 anos Manifestação pró-Governo e Igreja

25/3/1979

Uma manifestação levada a efeito, em Braga, com o objectivo de “apoiar o Governo e a Igreja”, ficou marcada por incidentes de que resultaram alguns feridos. A iniciativa partiu de um grupo de bracarenses que se afirmavam como “portugueses e católicos” e os participantes, após concentração na Avenida Central, dirigiram-se em cortejo para o Governo Civil, a fim de fazerem entrega de um documento entretanto aprovado. Nele se dizia que “não temos medo, não somos bombistas, não somos antidemocracia, não somos fascistas, não somos comunistas, não somos marxistas; somos portugueses que damos a cara”. Assim, “gritamos em alta voz e defendemos: Deus, Pátria, Igreja e Família”. Declarou um orador, ao fazer a leitura daquele documento, que “recebemos Portugal dos nossos antepassados, temos de entregar Portugal livre e limpo aos nossos filhos”. Na extensa exposição, perguntava-se “para onde vai Portugal com centenas de milhões de contos de dívidas” e que “Assembleia da República é esta, que em vez de defender sabota os interesses do povo”. Pretendia-se, assim, uma Assembleia que “defenda a vontade do povo, uma maioria não marxista”, e apelava-se à “defesa do Governo Mota Pinto ou de outro que seja participadopor portugueses de boa-vontade”. Feita a leitura do manifesto, organizou-se um cortejo em direcção ao Governo Civil, mas à sua passagem na Praça do Comércio verificou-se o rebentamento de três petardos que causaram ferimentos em quatro pessoas. A PSP deteve um indivíduo que tinha na sua posse uma arma branca e duas dezenas de munições.