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Religião: Civilização ou Barbárie – Desabafo pessoal

A tendência de qualquer pessoa é associar o desenvolvimento da Religião à Civilização: os animais não têm Religião, as tribos primitivas têm uns rituaizitos, as sociedades Civilizadas têm Igrejas organizadas e poderosas. Os monumentos religiosos são símbolos de Civilização, e a Religião é um elemento caracterizador de uma Civilização.

Eu sou da opinião que a Religião é sinal de barbárie e de bestialidade.

Pelas razões acima expostas, essa opinião é controversa (não entre os leitores deste Blogue) mas suponho poder sustentá-la com recurso aos seguintes argumentos:

1- A Religião é contrária ao Racionalismo, por ser uma forma de superstição (claro que um indivíduo pode ser Racional e Religioso, tal como muitos Cientistas no passado o foram, mas a Religião não deixa de ser uma forma de superstição, que por definição é contrária ao Racionalismo). O Racionalismo é a “espinha dorsal” da Civilização.

2- A Religião floresce na ignorância, tal como pode ser sustentado por inúmeras estatísticas que relacionam a percentagem de crentes com os índices de analfabetismo. A ignorância é contrária ao Conhecimento, e este sim é um verdadeiro símbolo da Civilização.

3- As instituições religiosas tendem geralmente a querer manter o sistema vigente, de onde costumam contribuir para evitar que os Homens tenham um papel transformador no mundo em que vivem. Essa vontade transformadora é o cerne do “desenvolvimento civilizacional”.

4- A Civilização tende a florescer com o intercâmbio de ideias e produtos entre diferentes povos. A Religião, ao encorajar (na generalidade dos casos) a intolerância e a aversão à diferença, inibe estas trocas.

5- A Religião por diversas vezes encorajou conflitos e guerras: símbolo de barbárie. Apadrinhou opressões e tiranias, que resultaram em castigos e conflitos bárbaros.

A Religião representa parte das nossas reminiscências animais: os impulsos evolucionários racistas, o medo ancestral do que é diferente, o medo do desconhecido e da natureza que nos rodeia, a territorialidade, etc…

À medida que os seres humanos foram evoluindo, foram criando sistemas humanos e civilizados: Escolas e Universidades para compreender o mundo que os rodeia e manipulá-lo, Tribunais para garantir o cumprimento de códigos de Ética que garantissem a Liberdade, Quintas para poder comer sem estar tão dependente daquilo que a Natureza oferece.

Mas a sua Natureza animal não conseguiu impedir que cada um desses domínios fosse corrompido: ao lado das Escolas e Universidades estão Igrejas e Seminários, ao lado dos Tribunais está a Polícia e o Exército, a rodear as Quintas estão as cercas. Qual macaco cheio de verniz, os povos, por irracional desperdício de recursos oportunidades e vidas, continuam a guerrear-se e a odiar-se; a ensinar superstições e rituais às novas gerações, a juntar aos códigos de Ética regras de submissão ao poder instituído. Em suma, o dinamismo dos povos assenta AINDA numa irracionalidade extrema: quais meras formigas, o homem escraviza o homem; quais meras matilhas, perdem-se tribos inteiras numa guerra animal até à extinção; quais meros macacos, continuam a usar-se rituais inexplicáveis sem função social útil.

Nesta batalha entre Humano e Besta, são os ecologistas os humanos, e os “eco-despreocupados” as Bestas: só o nosso lado humano se preocupa pelas consequências que a nossa acção tem no ambiente. Se fôssemos animais, e a nossa acção danificasse o ambiente (e a nós por consequência), acabaríamos por exemplificar a teoria de Charles Darwin e extinguir-nos-íamos. Se os “eco-despreocupados” vencerem esta batalha pelo nosso eco-impacto (elevado ou reduzido; nefasto ou positivo) no planeta, a vida na terra provavelmente sobreviverá (adaptando-se a novas condições), mas nós não. Nós teremos sido uma espécie animal que não alcançou um estádio suficientemente elevado de Civilização para ter REAL consciência dos seus impactos no ecossistema (como nenhum animal tem) e agir em conformidade com isso.

Nesta batalha entre Humano e Besta, houve vitórias do Humano: A imprensa, o Liberalismo, o fim (?) da escravatura, a Física Quântica. Até o 25 de Abril foi uma pequena vitória. É nesta batalha que se situa a batalha entre Ateus e Crentes, entre Democratas e Despóticos, entre Anarquistas e Fascistas, entre Ecologistas e “eco-despreocupados”, entre Idealistas e Conformistas, entre Universalistas e Nacionalistas, entre Cientistas e Místicos, entre a Liberdade de Expressão e a Censura.

Depois das vitórias do último século (fim (?) do colonialismo, derrota do Nazismo, derrota do machismo (?) ) estamos nesta década a sofrer o contra-ataque das forças da irracionalidade. Os povos começam a ser menos Universalistas, mais aguerridos, mais Religiosos, o FMI tem um poder sem precedente e o défice Democrático começa a apresentar-se como um problema, os movimentos místicos recomeçam a ganhar importância, o Idealismo começa a estar “fora de moda”, ao contrário do Conformismo. É PRECISO TER CUIDADO. NÃO podemos perder os bastiões conquistados! Os direitos civis, a Democracia, a Liberdade de expressão, o Laicismo do Estado são fortalezas na fronteira para que se possam atacar as mais desejadas (Paz entre os Povos, Racionalismo, fim da Opressão, Eco-Equilíbrio, etc…), mas mesmo essas ESTÃO AMEAÇADAS.

Nesta mensagem acabei por referir muitos assuntos que não têm tanto a ver com Religião.

Foi um grande desabafo pessoal.