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Dia: 17 de Julho, 2012

17 de Julho, 2012 Ludwig Krippahl

O como, o porquê e a pila da lesma.

Têm-me dito muitas vezes que a ciência apenas nos explica o “como” das coisas e só as religiões nos dizem o “porquê”. Isto tem vários problemas. Nunca dizem, em concreto, qual é o porquê. Não conseguem chegar a consenso acerca do porquê. Assumem gratuitamente que o porquê envolve sempre um quem. Mas o pior de tudo é insistirem que a ciência não explica o porquê, o que é obviamente falso. Vejamos, como exemplo, a lesma banana, Ariolimax dolichophallus, mais o seu pénis e estranhos hábitos sexuais.

Como é de rigor entre lesmas e caracóis, a lesma banana é hermafrodita. E, sendo descendente de um antepassado caracol, tem o ânus e os órgãos sexuais na cabeça, apesar de já não ter a casca que originou essa configuração desconfortável. Há quem lhe chame “design inteligente”. Como resultado, a cópula das lesmas consiste numa troca de esperma em que cada uma literalmente f*** a cabeça à outra. Durante horas, que as lesmas não são bicho para pressas. E com um pénis quase tão comprido como a própria lesma, que pode chegar aos 25cm. Mas mais estranho ainda é o seu comportamento sexual. Há cerca de um século, Harold Heath notou que uma em cada vinte lesmas banana não tinha pénis, ou tinha apenas uma pequena parte do pénis. Achou estranho. Sendo hermafroditas, todas deviam ter pénis. Heath procurou então perceber como é que estas lesmas ficavam sem pénis, o que rapidamente descobriu. No calor do momento, por vezes uma lesma come o pénis da outra, que normalmente retribui o favor.



Fonte: Last word on nothing e Boing Boing.

Estava então respondido o “como”, mas o “porquê” foi mais difícil. Demorou um século até se encontrar a resposta. Que, como devem imaginar, não tem nada que ver com planos divinos ou o espírito santo. A explicação é mais prosaica. Quando uma lesma fornece o seu esperma à/ao companheira/o* tem vantagem que a outra se fique por aí. Porque quanto mais vezes a outra lesma copular, e quanto mais esperma obtiver de terceiras, menos ovos serão fertilizados pelo esperma da primeira. A hipótese avançada para explicar porque é que uma lesma banana come o pénis da outra é que esta mutilação reduz a probabilidade de novos encontros sexuais, aumentando assim o número de descendentes da canibal. O único senão é que a outra aproveita para lhe fazer o mesmo. O trabalho fascinante da Brooke Miller (1) tem sido testar esta hipótese, recorrendo a marcadores genéticos que lhe permitem seguir e contabilizar a descendência de cada lesma, medindo directamente a aptidão de cada lesma para deixar descendentes. Até agora os dados confirmam a hipótese de que a razão fundamental – o porquê das lesmas comerem o pénis uma à outra – é a competição ao nível do esperma (2). É daqui que vem a pressão selectiva para este comportamento.

Esta explicação vai ao fundo da questão. Se nesta linhagem de lesmas, durante muitas gerações este comportamento levou, em média, a um número maior de descendentes, não é preciso invocar outros factores – nem inteligência divina, nem propósito nem omnipotência – para perceber o como e o porquê do comportamento. As lesmas que não se comportavam assim simplesmente não deixaram descendentes suficientes para serem antepassados de alguma lesma de hoje. Eis o porquê, que a ciência revela. Acrescentar a isto um porquê religioso é completamente desnecessário, se bem que até seria engraçado ver uma religião a tentar explicar, em detalhe, o porquê do seu deus criar lesmas que comem o pénis umas ás outras.

* Sendo hermafroditas, não têm os nossos problemas com o sexo ser homo ou hetero. Ninguém as avisou que a homossexualidade é contra a Lei Natural.

1- Página pessoal da Brooke Miller.
2- Resumo da dissertação Sexual conflict and partner manipulation in the banana slug, Ariolimax dolichophallus.

Em simultâneo no Que Treta!

17 de Julho, 2012 Carlos Esperança

A guerra civil de Espanha

Hoje, 18 de Julho, completam-se 76 anos sobre o golpe de Estado que ensanguentou a Espanha e que, de algum modo, iniciou a carnificina que o nazi/fascismo prolongaria até 8 de Maio de 1945.

Na sarjeta da história jazem José Sanjurjo, Emilio Mola y Francisco Franco, os generais que derrubaram o Governo constitucional da Segunda República, de que era presidente Manuel Azaña e primeiro-ministro Santiago Casares Quiroga.

Já no dia anterior tinha havido tentativas de sublevação mas foi no final do dia 18 que se iniciou a guerra civil que havia de deixaria um rasto de sangue, com centenas de milhares de assassínios e incontáveis feridos, entre espanhóis.

O requinte dos fuzilamentos nos campos de touros e o garrote, como instrumento de tortura e morte, foram a imagem de marca da ditadura de Franco que Hitler, Salazar e Moussolini apoiaram.

É a memória sinistra de Franco que, estátua a estátua, foi derrubada em Espanha por Zapatero. É tarde para julgar os cúmplices mas é tempo de divulgar a verdade sobre o mais baixo e inculto dos três generais, que acabou por tomar o poder, com a cumplicidade e o entusiasmo da Igreja católica.

A Espanha de hoje é um país democrático, livre e culto, que sob as cinzas da infâmia soube erguer a tolerância e o diálogo. Sobre os escombros de uma sublevação fascista, apoiada pela Espanha conservadora, rural e beata, com monsenhor Escrivà a integrar as tropas sobre Madrid, há um país novo que se impõe pela sofisticação urbana e cultura democrática, apesar da situação financeira e da tragédia do desemprego a que a crise internacional não é alheia.

Esta Espanha moderna que renasceu das cinzas dos horrores e se transformou num Estado de direito, progressista e civilizado, merece a paz e a felicidade.

17 de Julho, 2012 Carlos Esperança

Primeira mulher saudita nos Jogos Olímpicos de Londres 2012

Por

Kavkaz

Vêm aí os Jogos Olímpicos de Londres. A Arábia Saudita, uma monarquia absoluta muçulmana, apresentará pela primeira vez duas mulheres na mais famosa competição desportiva mundial.

Nos oitenta anos de existência do reino da Arábia Saudita as mulheres ainda não podem conduzir, não podem viajar, sair do país, nalguns casos trabalhar sem a permissão do seu mahram – o guardião que pode ser o pai, o irmão ou o marido -, ou sequer praticar desporto nas escolas públicas.

Tem havido pressão da parte de grupos de direitos humanos e do Comité Olímpico Internacional que ameaçaram a Arábia Saudita de expulsão dos Jogos Olímpicos por discriminação.

O ministro do Desporto saudita e líder do comité olímpico, o príncipe Nawaf Al-Faisal, chegou a dizer que era impossível as mulheres poderem participar em eventos desportivos internacionais, incluindo os Jogos Olímpicos.

Agora vai mudar e todas as 204 nações que irão competir em Londres 2012 terão, pelo menos uma mulher na sua delegação nacional. É uma vitória dos direitos humanos contra a discriminação e perseguição religiosas na Arábia Saudita. Esta terá uma judoca e uma corredora de 800 m.

Esperamos vê-las de trapo, corrijo, lenço na cabeça, obrigatório pelos mullahs, a participarem ao lado das mulheres livres dos países mais avançados em igualdade de direitos.

As religiões têm imensos defeitos e falta de virtudes. Neste caso, a religião muçulmana acha que os homens são proprietários das mulheres e decidem por elas o que podem e devem fazer. Mas as coisas mudam com os tempos… E as mulheres sauditas lá conquistaram o direito a participar nos Jogos Olímpicos. Uma vitória do desporto e dos direitos humanos!