Loading

Dia: 28 de Abril, 2014

28 de Abril, 2014 Carlos Esperança

Salazar nasceu há 125 anos e Mussolini morreu há 69. Há dias assim…

O céu está cinzento, a anunciar borrasca, numa primavera sem coragem para romper o longo inverno a que o Governo, com o PR dentro, condenou Portugal.

A comunicação social, tão dada a evocar mortes, parece ter esquecido o nascimento do abutre de Santa Comba Dão, daquele pérfido seminarista que, segundo a Irmã Lúcia foi enviado pela Providência Divina, o organismo da Segurança Social Celeste que escolhe políticos sem recurso ao incómodo do sufrágio popular.

Faz hoje 125 anos que nasceu o sinistro ditador que acreditava na bondade de Cerejeira e na eficácia de uns pontapés dados a tempo como profilaxia dessas ideias nefastas, que a Inglaterra exportava, de um exótico regime conhecido por democracia.

Não há notícia de missas de sufrágio, novenas de ação de graças ou orações por alma do ditador. Vergonha ou amnésia, os próprios herdeiros espirituais renunciaram à herança e envergonham-se de dar testemunho público da saudade pelo torcionário que tinha sobre a mesa de trabalho a fotografia de Mussolini.

E vejam lá, leitores, a ironia do calendário! Benito Mussolini, que assinou os acordos de Latrão, que também foi enviado pela Providência divina, segundo o Papa de turno com quem se obrigou a tornar obrigatório o ensino da religião católica nas escolas públicas italianas e a quem entregou um avantajado óbolo do tesouro italiano, Benito Mussolini – dizia –, foi executado no dia de hoje, há 69 anos, no Lago Como, quando tentava a fuga para a Suíça. Os guerrilheiros italianos travaram-lhe o passo.

A tarde continua cinzenta neste dia de pesadas efemérides, um nascimento e um óbito, de dois crápulas que jamais deviam ter nascido.

28 de Abril, 2014 Carlos Esperança

Momento zen de segunda_28_04_2014

João César das Neves, JCN, na habitual homilia do DN, «Festa dos cinco papas», regala hoje os crentes com pérolas pias com que consegue superar-se, semana após semana.

No exórdio da homilia JCN declara especial o dia de ontem, devido à declaração de dois papas vivos que confirmaram que “dois papas mortos estavam na vida plena”, o que não poderia ser declarado pelos mortos que, apenas, aceitaram, em silêncio, a glorificação.

Após garantir que a dupla canonização “é o assunto (…) que mais preocupa o mundo” acrescenta em êxtase que “Podemos dizer que é o único que verdadeiramente preocupa o mundo”.

JCN refere os canonizadores e canonizados como “Quatro homens simples e frágeis, mas cheios de vida e felicidade, que irradiaram por todo o mundo”. E repete a asserção sem explicar onde observou vida e felicidade nos defuntos que, aliás, como é hábitual, faltaram à cerimónia, mantendo-se em contida defunção.

JCN, que vê num papa o que os islamitas veem em Maomé, descobriu que os 4 papas felizes eram 5, aritmética que talvez omita na Madraça de Palma de Cima.

Afinal, JCN viu que “Estava lá um quinto papa. Olhando com atenção via-se, do lado esquerdo da praça, a estátua de um homem barbudo com duas chaves na mão. A importância dos quatro homens é que eles são sucessores dele. Aquele Pedro, que amava Jesus mais que os outros, e ouviu: “sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18).

O que JCN descobre! “A razão é óbvia: mais ninguém tem uma felicidade assim”.

28 de Abril, 2014 Carlos Esperança

Só a estupidez é santa

O Talmude e a Tora, A Bíblia e o Novo Testamento, O Corão e a Sunnah (séc. IX) têm em comum o carácter misógino mas diferem em relação ao álcool, à carne de porco e na defesa do véu e da burka. No islão as proibições atingem o esplendor esquizofrénico, onde até urinar com o jacto virado para Meca é proibido.

Paulo de Tarso moldou o cristianismo. Perseguir era a sua obsessão esquizofrénica sem cuidar do objecto da perseguição. Ouviu vozes na estrada de Damasco e passou a perseguir o que deixara em nome do que abraçou. Juntou a essa tara a vocação pirómana e apelou à queima dos manuscritos perigosos.

Paulo de Tarso odiava o prazer e injuriava as mulheres. Advogou o castigo do corpo e glorificou o celibato, a castidade e a abstinência. É um expoente da patologia teológica, do masoquismo místico e da demência beata – um inspirador do Opus Dei.

O cristianismo herdou a misoginia judaica. O Génesis condena radical e definitivamente a mulher como primeira pecadora e causa de todo o mal no mundo.

As três religiões monoteístas defendem a fé e a submissão, a castidade e a obediência, a necrofilia (pulsão da morte, não a parafilia), a castidade, a virgindade e outras santas aberrações que conduzem à idiotia e ao complexo de culpa do instinto reprodutor.

A história de Adão e Eva é comum à Tora, Antigo Testamento e Corão. Em todos, Deus proíbe a aproximação da árvore da sabedoria mas o demónio incita-os à desobediência.

Aliás, o pecado é definido como a desobediência a Deus, ou seja, à vontade dos padres.

As páginas do Corão apelam constantemente à destruição dos infiéis, da sua cultura e civilização, bem como dos judeus e cristãos (por esta ordem) em nome do mesmo Deus misericordioso que alimenta a imensa legião de clérigos e hordas de terroristas.

Fonte: Traité d’athéologie, Michel Onfray – Ed. Grasset & Fasquelle, 2005