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Dia: 11 de Agosto, 2013

11 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

Vaticano sob pressão da opinião pública

Papa faz reunião para discutir fuga de documentos

O papa Bento XVI convocou neste sábado uma reunião extraordinária de cardeais para ouvir conselhos sobre como lidar com o recente escândalo do vazamento de documentos secretos do Vaticano.

O pontífice já tinha uma reunião prevista para a manhã deste sábado com os líderes dos escritórios do Vaticano, mas decidiu convocar um segundo encontro com outros cardeais numa tentativa de ‘restabelecer um clima de serenidade e confiança’ na Igreja, segundo a assessoria de imprensa do Vaticano.

11 de Agosto, 2013 David Ferreira

Hóstia dominical – VIII

Se Deus fez o Homem à sua imagem, ele não passa de uma entidade ambígua
à procura do sentido de si próprio na imensidão de um Universo indiferente que criou
mas não compreende.

11 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

Na celebração dos 25 anos da Al-Qaeda – A fé é um direito. E a religião?

Quando a Al-Qaeda celebra 25 anos de fé e terrorismo, com o Paraíso a abarrotar de virgens que esperam suicidas dementes, é legítimo pensar se, à semelhança do que a Alemanha legislou contra a propaganda nazi, não fará sentido conter a do Corão cuja ideologia rivaliza com Mein Kampf.

A alegada bondade das religiões e o espírito pacífico do Islão não resistem à letra e ao espírito dos livros sagrados nem ao historial sangrento das guerras religiosas. Não foi à clarividência dos exegetas que ficou a dever-se a interpretação benigna da Bíblia, foi à Reforma, ao Iluminismo e à Revolução Francesa. Onde o poder eclesiástico se consegue impor mantêm-se constrangimentos autoritários de sabor medieval, seja em Timor, nas Filipinas, na Hungria ou na América do Sul.

O proselitismo demente do protestantismo evangélico americano tanto pôde conduzir ao assassínio de médicos e enfermeiros de clínicas de aborto como à invasão do Iraque.

O que modera a agressividade dos desvarios da fé é o Estado de direito e a laicidade. No dia em que a religião, qualquer religião, dominar o aparelho de Estado, a democracia vai de férias e instala-se a teocracia. Não se pode esquecer que os Estados modernos foram erguidos contra o poder da Igreja. A Itália só existe porque os patriotas não temeram a excomunhão nem os exércitos papais.

O Islão não teve, infelizmente, a sua reforma. Nas madraças começa a fanatização das crianças e nas mesquitas apela-se ao ódio e à guerra santa, com os crentes genufletidos e virados para Meca.

Não há no Islão lugar para a coexistência entre o agnosticismo e a vida, a laicidade e o pescoço, o livre-pensamento e o direito de existir. O medo, o constrangimento social e o aviltamento da mulher acompanham as decapitações, vergastadas públicas e lapidações com que os clérigos imaginam extasiar o Profeta e fazer Alá babar-se de gozo.

Os países de mais sólidas raízes democráticas são herdeiros do direito romano que tem características civilistas, enquanto o direito helénico é de natureza política e o árabe de raiz teocrática.

As repetidas ameaças da rede terrorista Al-Qaeda são incompatíveis com a benevolência com que a Europa assiste à pregação do ódio nas mesquitas.

Respeitar e defender o direito à crença, à descrença e à anti crença é igual ao dever de vigiar, deter e fazer julgar pelos tribunais quem incite ao ódio, à violência e à xenofobia. Trata-se de fazer cumprir as leis e as constituições dos países democráticos, sem excluir as religiões que se julgam com direitos especiais.

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11 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

DN – Suplemento Q – LER

Suplemento Q_o convidado. DN – 10_06_2013

Convidado como presidente da Associação Ateísta Portuguesa, deixo aqui as respostas que dei:

LER

Memorial do Convento é na obra do maior ficcionista português de todos os tempos a marca indelével do escritor que trago no meu devocionário há muitos anos, do escritor a quem sempre profetizei o Nobel da literatura e a quem o devemos.

Estou a reler o livro que me despertou para a leitura do enorme escritor, para a escrita do estilista que revolucionou a arte literária e elevou a ficção a um nível raramente atingido, neste livro, no Memorial do Convento, casando a beleza da escrita com o rigor da descrição.

É uma viagem na história, pela mão do erudito e observador atento da monarquia e da sociedade, no tempo da construção do convento de Mafra, quando a fé num milagre era mais eficaz para a gravidez da augusta rainha do que assiduidade  de D. João V a cumprir os deveres conjugais. Há personagens que vão resistir ao tempo, a todos os tempos, como Sete Luas e Sete Sois e tantas outras.

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Li «Velhos Marinheiros», de Jorge Amado, quando «A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água» e «Vasco Moscoso de Aragão Capitão de Longo Curso» ainda faziam parte do mesmo volume. Foi uma delícia percorrer S. Salvador da Baía, onde um dia, talvez influenciado por Jorge Amado, haveria de rumar.

Nunca mais esquecerei o boémio que prostitutas e amigos passearam pelas ruas de S. Salvador, já no seu caixão, a despedir-se dos botequins onde devorava aguardente e fazia amigos. O berro que lhe deu a alcunha, quando lhe trocaram a cachaça por água, ficou imortalizado na prosa humorada de Jorge Amado.

Também as peripécias de Vasco Moscoso de Aragão, que tinha comprado um título de capitão de longo curso, como hoje se compra em Portugal uma licenciatura, ficou célebre a  dar ordens para amarrar o navio que lhe coube comandar pela morte súbita do comandante. Foi o único navio que a ignorância do falso comandante salvou do vendaval que varreu o porto de S. Salvador da Baía.

***

O Fim da Fé, Sam Harris – É um livro de um ateu militante que revela a origem humana das religiões e desmascara o potencial belicista dos livros sagrados. Nele, Sam Harris tem a coragem de denunciar o terrorismo islâmico não como obra de fanáticos mas como maldade intrínseca do mais implacável dos monoteísmos.

Mostra como um livro da Idade do Bronze, criação da sociedade tribal e patriarcal, deu origem aos três monoteísmos e perpetua valores desse período histórico. Fica a saber-se que não foi Deus que criou os homens mas estes que criaram Deus, à sua imagem e semelhança. Daí que o carácter xenófobo, violento, vingativo e misógino seja uma característica do Deus abraâmico que é comum às três religiões do livro. Quem ignora o sangue vertido em nome desse Deus cruel fica a saber como a humanidade sofreu por ser habituada, desde criança, a crenças que não resistem ao escrutínio da razão e se desmorona com os inúmeros exemplos de versículos que cita e dos factos históricos a que alude.