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Dia: 8 de Julho, 2013

8 de Julho, 2013 Carlos Esperança

DO EGITO E DO MUNDO ÁRABE

Por

João Pedro Moura

1- O problema do Egito, e dos países árabes em processo revolucionário, é o seguinte:

quando conseguem liberdades políticas e vão para eleições, ganham os partidos islamitas…

… E ganham porque a mentalidade arabesca é intrinsecamente reacionária e avessa a mudanças. Só uma minoria, mais intelectualizada, mais ocidentalizada, mais rica e desfasada do islamismo é que não vota nos partidos islamitas.

A civilização árabe, chamemos-lhes assim, é a única do mundo em que nos processos revolucionários políticos e modernos, a massa popular vota em políticos afetos à hedionda escumalha islâmica, quero dizer, em liberticidas…

Obviamente, é um atavismo genético qualquer. Senão, votariam em partidos democráticos e liberais, como acontece nas outras regiões e grupos civilizacionais normais…

… E não há nenhuma maneira de alterar isto!…

… Porque há povos que serão sempre atrasados e um atraso de vida!…

… Enquanto há outros povos progressistas, que trabalham, que estudam, que desenvolvem os seus países…

2- O Morsi egípcio só não entrou a “matar” porque ele sabe que afugentaria os turistas, grande pilar da economia egípcia. Então, entrou suavemente, com boas relações internacionais e omitindo Israel, por ora…

… Mas, até agora, esteve a montar uma complexa arquitetura política e administrativa, favorável à hedionda escumalha islâmica…

… Mas teve duas oposições: uma grande, popular, mas minoritária, composta pelos afetados pelo esboroamento turístico e demais modernizados do sistema; outra pequena em número populacional, mas de influência determinante, as Forças Armadas, completamente desafetas à “hedionda”, FA essas compostas por dirigentes militares, formados em escolas militares ocidentais e adeptos do “life style” moderno e desligado do islamismo.

E, nas manifestações, temos 2 tipos, os anti-Morsi, compostos por uma imensidão masculina e muito poucas mulheres, sistematicamente de cabeça destapada e vestes ocidentalizadas. Estes manifestantes representam o Egito minoritário e derrotado politicamente, mas buliçoso pelo desejo de melhorias económicas e (algumas…) liberais; e o outro tipo de manifestações, composto pela imensidão islâmica, frequentemente de barbudos e (re)vestidos de roupa tradicionalista, mais um contingente notório de mulheres sistematicamente (re)vestidas com as suas vedações têxteis, da cabeça aos pés, orgulhosas da sua condição subserviente, marcando o seu apego ao islamismo e seus façanhudos políticos…

 

3- Enquanto na Turquia há uma maior congruência entre a massa maioritária islâmica e o seu poder político, por um lado, que são moderados, e os modernizados do sistema, completamente ocidentalizados, mas que são uma minoria muito influente duns 30%, por outro, mas que, mesmo assim, ainda provocam tricas entre eles, no mundo árabe vigora a abjeção social de costumes conservadores e reacionários, que abrangem a grande massa do povo, ávido de figuras carismáticas e tutelares que os conduzam ao aprisco terráqueo, mas com pão, coisa cada vez mais difícil de ocorrer, a partir do momento em que se introduz a liberdade no sistema… e não há petróleo suficiente para sustentar tanta gente…

 

8 de Julho, 2013 Carlos Esperança

D. Manuel III e a sé de Lisboa

Começou mal a patriarcar a sé de Lisboa o Sr. D. Manuel III, da dinastia dos Manuéis. A missa era a peça de abertura do espetáculo pio que lhe cabia abrilhantar no coliseu da fé – o Mosteiro dos Jerónimos. Bastavam os pios funcionários de Deus a brilhar nas vestes femininas, com que têm o hábito de se travestir, para transmitirem o colorido exótico de que a missa precisava para refulgir na televisão a cores.

O paradoxo esteve na assistência. Eram restos do governo morto, com um presidente em estado terminal. Eram primeiras figuras do Estado laico a tornarem-se as últimas de um regime que teimam em inumar. Eram homens e mulheres que juraram respeitar a CRP, a pôr as mãos, a fazer flexões a toque de campainha, a balbuciar orações ao ritmo da peça, de joelhos, como apraz à fé, e de rastos como gostam os padres e se destrói a laicidade e a honra.

Alguns, de olhos vagos e esgares medonhos, afocinharam junto à patena que protegia o cálice donde saíram hóstias transubstanciadas por sinais cabalísticos do último Manuel, sem que o alegado sangue se visse a pingar da comissura dos beiços ou se adivinhasse a carne a errar pelo aparelho digestivo e a fazer o trânsito intestinal.

O Manuel e acompanhantes foram recebidos com palmas. Foi a primeira vez, depois de tanto tempo, que insultos deram lugar aos aplausos, no ambiente lúgubre que a luz das velas tornava mais tétrico. Quem desconheça os hábitos canónicos há de ter pensado que a joia arquitetónica do templo se convertera numa casa de alterne e que a estrela do espetáculo era a primeira bailarina.

Não foram os incréus que desonraram o espetáculo pífio, foi o bando subserviente que, ao prestar vassalagem a uma religião particular, cobriu de opróbrio o Estado e a Igreja.

À falta de colunas vertebrais salvaram-se as colunas de pedra do esplendor manuelino, a ossatura da joia arquitetónica que, no espetáculo de abertura do novo gerente da Sé de Lisboa, foi convertida num circo para arlequins mediáticos.

8 de Julho, 2013 Carlos Esperança

A primeira missa do Patriarca de Lisboa

Consta que 278 padres e bispos e 65 diáconos foram o ornamento pio do Sr. Dr. Manuel Clemente quando ontem rezou a 1.ª missa como patriarca de Lisboa.

Além dos referidos empregados da diocese estavam presentes, na condição de créus, os Srs. Paulo Portas, Cavaco Silva e Passos Coelho, por ordem decrescente de importância.

Não sei se a missa de um patriarca tem atrativos litúrgicos que aliciem a freguesia mas a presença não deve ser alheia aos pecados dos réprobos e ao peso da consciência.

Se a missa é lixivia suficiente para limpar nódoas a tais personagens, podem continuar a arruinar o País porque não há nódoa que uma confissão bem feita, o arrependimento sincero e a penitência cumprida não limpem.

No Vaticano, as missas e indulgências são a terebentina que na igreja lava os pecados (nódoas da alma) e no IOR o dinheiro de origem suspeita.

A Presidente da Assembleia da República, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o Presidente do Tribunal de Contas e o ministro da Segurança Social foram as figuras de Estado que, segundo a comunicação social, se juntaram aos três crentes já referidos no festival litúrgico da primeira missa do novo patriarca.

Os pecadores têm todo o direito às missas e complementos pios que lhes aprouver, mas não podem invocar a qualidade de altos dignitários do Estado sob pena de converterem o país num protetorado do Vaticano. Podem viajar de joelhos e rezar novenas mas não podem invocar uma condição que transforma o país laico numa sacristia.

Talvez não saibam o que é a ética republicana.