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Dia: 13 de Abril, 2013

13 de Abril, 2013 David Ferreira

Parabéns Christopher Hitchens

Hoje, 13 de Abril de 2013, faria anos, se ainda fosse vivo, um dos maiores e mais importantes intelectuais das últimas décadas, Christopher Hitchens.

Ateu orgulhoso e antiteísta sempre que as circunstâncias o exigiram, foi um temível orador que enfrentou e humilhou intelectualmente todos os prosélitos de crenças, mitos e superstições, inteligentemente alheio a ameaças, à desonestidade intelectiva e ao mais puro ódio, que só o fanatismo de quem adora um Deus criador de tudo mas impotente para resolver as questões mundanas da espécie humana pode atear.

Descobri-o um pouco tarde. As vicissitudes da vida levam-nos a empenhar os recursos disponíveis em várias frentes de combate. Mas, do muito que aprendi com ele em tão curto tempo, só tenho a agradecer.

No imaginário dos crentes existe uma vida para além da morte, onde nos reuniremos com os nossos antepassados. Quer a balança do julgamento final ceda para um ou outro lado, encontraremos sempre alguém. Como ateu, sei que serei apenas uma insignificante mas importante parte do rejuvenescimento da natureza. E sou feliz assim. E sei também que, de certa forma, todos somos imortais. Enquanto vivermos na memória de todos os que nos amam, seremos sempre vivos. Nada mais existe, nada mais importa e nada é mais belo.

Parabéns, Christopher. Porque continuas vivo.

13 de Abril, 2013 Carlos Esperança

Se é a sério, não anda cá muito tempo…

Do novo Papa esperam-se mudanças, muitas no interior do governo da Igreja, a Cúria Romana. Antes de se conhecerem os seus nomeados para os principais cargos, como a secretaria de Estado, Francisco criou um comité de oito cardeais para o aconselharem nas desejadas reformas no Vaticano.

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A correspondência, que retrata uma Cúria podre e entregue às lutas de poder de grupos adversários, tem muitos protagonistas, mas Bertone é figura central. Para além do funcionamento interno da Igreja, espera-se que Francisco imponha mudanças radicais no Instituto para as Obras da Religião (o banco do Vaticano), cujas transacções foram bloqueadas pelo Banco de Itália por falta de respeito das normas que visam impedir que os bancos sejam usados para lavar dinheiro.

13 de Abril, 2013 Carlos Esperança

A indústria dos milagres vai manter-se

Na ânsia de fabricar milagres, JP2 convocou centenas de defuntos, sepultados em zonas afetas à ICAR, para curarem uma criança aqui, uma freira acolá, um médico noutro sítio, enfim, uma quantidade enorme de doentes que Deus sadicamente tinha estropiado.

A boa vontade dos defuntos, em péssimo estado de conservação, aliviou alguns cristãos das moléstias enviadas pela divina e infinitamente bondosa providência.

O exercício da medicina é o passatempo desses bem-aventurados, há muito falecidos, cristãos com pecados apagados pelo tempo e virtudes avivadas pelo Papa.

No laboratório do Vaticano certificam-se milagres e criam-se novos beatos e santos que povoam a folha oficial do bairro de 44 hectares. Os milagres, em doses industriais e a respetiva criação de santos foi um lucrativo empreendimento lançado pela Opus Dei.

Antigamente era o próprio Cristo que se deslocava à Terra para ajudar a ganhar batalhas aos eleitos ou que aconselhava os cristãos sobre a forma de matarem os infiéis com mais eficácia.

Depois de alguns desaires, porque a idade e o reumático lhe limitaram as deslocações, Deus deixou ao Papa a tarefa de engendrar os milagres mais adequados à promoção da fé e à estupefação dos crentes. JP2 abandonou o método artesanal de fazer santos para se dedicar à industrialização. B16 seguiu-lhe as pisadas e o papa Francisco já ameaçou continuar.

As curas de cancros foram, em regra, as preferidas da Cúria romana. Problemas de ossos, moléstias da pele, diabetes, paralisias e outras doenças fazem parte do cardápio da santidade. Mas, com tanta clientela para elevar aos altares, o Vaticano já chegou ao ponto de deixar para um imperador (Carlos I da Áustria) a cura de varizes a uma freira.

Foi uma ofensa aos quatro filhos vivos que assistiram à beatificação. Se a um imperador reserva como milagre a cura de varizes, os papas, quando forem sólidos defuntos, terão de curar furúnculo ou verrugas, para chegarem a beatos.

Os medicamentos estragaram os milagres de grande efeito como a cura da lepra, por exemplo. E há milagres que o Vaticano não arrisca: hemorroidas e herpes vaginal por causa do sítio, sífilis, blenorragias e SIDA pela associação ao pecado.

Mas há erros que a ICAR há muito não comete: canonizar, por engano, um cão que julgava mártir ou uma parelha de mulas que morreram exaustas e que a ICAR pensou tratar-se de santas mulheres que sacrificaram a vida pelo divino mestre.

Os milagres são cada vez mais rascas mas a biografia dos bem-aventurados que os obram é progressivamente melhor escrutinada.