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Dia: 12 de Novembro, 2012

12 de Novembro, 2012 Carlos Esperança

– PODE UM CRISTÃO RENEGAR O VELHO TESTAMENTO?

Por      Nota: Por lamentável lapso omiti o nome do autor. Peço a ele e aos leitores as minhas desculpas.

JOÃO PEDRO MOURA

JESUS E A BÍBLIA

– PODE UM CRISTÃO RENEGAR O VELHO TESTAMENTO?

1- Isto de se reclamar do cristianismo, renegando o Velho Testamento… tem que se lhe diga…
É como reivindicar a obra do filho, ectoplasma, repudiando a obra do pai que o gerou… e que determina essa obra…

2- Há alguma igreja no mundo que se reivindique de Cristo e renegue o Velho Testamento? Não! É possível? Bem, teoricamente, basta fazer um passe de mágica ideológica e retórica sofística e enaltecer o Novo Testamento, denegando o velho…

3- … Mas será que o Jesus Cristo bíblico renegou o Velho Testamento?! Não!
Vejamos, Mateus 5, 17-19:
“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento, porque em verdade vos digo que, até que passem o céu a e a terra, não será omitido nem um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja realizado. Aquele, portanto, que violar um só desses menores mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo, será chamado o menor no Reino dos Céus. Aquele, porém, que os praticar e os ensinar, esse será chamado grande no reino dos Céus.”

Então, a que “Lei” e “Profetas” se estaria a referir esse tal JC?! À lei hebraica e aos profetas da Bíblia hebraica, evidentemente…
Isto é, ao deus do Velho Testamento…

4- E será que JC renegaria os Salmos?! Também não!
Vejamos esta comparação:
Mateus 27, 46: “Por volta da hora nona, Jesus deu um grande grito: Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?”…

… Idêntico ao Salmo 22, 2: “Meu deus, meu deus, porque me abandonaste, descuidado de me salvar, apesar das palavras de meu rugir?”…

Ou, então, em Lucas 23, 46: “E Jesus deu um forte grito: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Dizendo isso. Expirou.”…

…Idêntico ao Salmo 31, 6: “em tuas mãos entrego meu espírito, és tu que me resgatas, Iavé…”

… O que comprova a assunção dos Salmos, pelo dito Jesus Cristo, de resto, uma assunção conforme a educação típica dos jovens judeus de antanho…
Donde se regista o nexo ideológico entre o Novo e o Velho Testamento, inextricáveis, para só referir estes exemplos cruciais…
… O que comprova, também, por extensão, a assunção do versículo 137, 8-9, dos mesmos Salmos:
“E quanto a ti, Babilónia destruidora, feliz o homem que te retribuir pelo que nos fizeste!
Feliz o que pegar nas tuas crianças e as esmagar contra as rochas.”…
… Como manifestação hedionda e crudelíssima contra os “inimigos” e os, duma maneira geral, desafetos à causa judaica/cristã…
É… os religionários da Bíblia, nas suas diversas variantes, têm destas coisas “amigáveis”… por mais amigos e solidários dos povos, que aparentem ser…

5-… E o JC bíblico, na senda veterotestamentária, também preconiza coisas hediondas semelhantes contra os incréus ou os desafetos da sua palhaçada religiosa…

6- Pretender separar o Novo do Velho Testamento é amputar o corpo doutrinário da religião cristã, mesmo que haja distinções nítidas entre ambos…
Os religionários do Novo têm que se ater, assim, ao Velho, pois que o JC assim determinou. Nem num só momento, JC renegou a doutrina veterotestamentária, contrapondo-a a uma pretensa nova…
Quando muito, JC, biblicamente falando, seria um dissidente, isto é, um indivíduo proclamando algumas coisas diferentes da prática consuetudinária dos seus congéneres hebraicos, mas nunca renegando a “Lei”e seus “Profetas”…

7- A Bíblia é considerada a “palavra de deus”, pelos seus religionários. Pretender que se aceitam umas coisas e se denegam outras, dos textos bíblicos, é a mesma coisa que querer elevar-se à condição de “deus”, plenipotenciário, e transformar a Bíblia numa espécie de ementário, donde se saca o mais convinhável e se pretere tudo aquilo que se acha passadista, cruel, injusto, ou o que seja…
…Mas não pode ser! Sob pena de se estar a acusar o seu deus de certas injustiças ou crueldades ou demais atos nefandos…
Por isso, quem defende a Bíblia, tem de assumi-la toda, inteirinha!…
Se não quer, repense a obra e siga outro caminho… que não aquele do deus bíblico, do seu ectoplasma filial e das demais figurinhas e figurões do jardim da celeste corte…

12 de Novembro, 2012 Carlos Esperança

A Igreja católica e os milagres

Há quem pense que o Vaticano só tem para vender água benta, bênçãos e indulgências, produtos que o mercado da fé absorve na razão inversa do bem-estar das populações.

A vendas de títulos eclesiásticos de cónego, bispo e cardeal, com as respetivas funções e proventos, foi o abominável pecado da simonia que os protestantes condenaram, depois de verem os papas medrar com o negócio. Hoje, o Papa é mais cuidadoso mas ainda nos tempos de Salazar e Franco eram os ditadores que tinham a última palavra nas escolhas episcopais que, aliás, as concordatas lhes concediam.

As Igrejas vivem do fausto e do poder. Abandonadas ao negócio por conta própria não prosperam. Os cargos eclesiásticos são negociados em segredo com os Estados que lhes são fiéis ou com as oposições dos Governos de que não gostam.

Acontece que os principais produtos de exportação da ICAR, que rendiam muito ouro, entraram em decadência por saturação do mercado ou desinteresse da clientela. Já não se compram relíquias. A água de Lourdes, o ramo de azinheira benzido em Fátima ou o terço comprado no Vaticano vendem-se com dificuldade, ao preço da uva mijona. Já lá vão os tempos dos relicários com pedacinhos do santo lenho, farrapos das fraldas do menino Jesus ou ossos de S. Francisco. O raio do carbono 14 estragou o negócio pio.

As bulas que autorizavam comer carne à sexta-feira, compradas por pessoas que não tinham dinheiro para a ementa, desapareceram por falta de fé e de interessados. As indulgências plenárias passaram a ser de borla e só a liturgia dos batizados, casamentos e funerais ainda se aguentam no mercado. As procissões, onde as notas pregadas com alfinetes nas vestes do santo de serviço servem para exibir a vaidade dos benfeitores e suprir as necessidades do clero, rendem cada vez menos.

O Purgatório, uma mina em atividade durante séculos, foi encerrado por falta de visão ou de transportes para o Paraíso, depois de fortunas gastas em missas para sufragar as almas dos que se finaram com pecados veniais.

Atualmente restam dois negócios à ICAR, as peregrinações e a indústria da santidade, dependentes as primeiras da produção da segunda. A indústria da santidade, pelos emolumentos que rende à Cúria romana e pelos óbolos que atrai aos santuários onde o canonizado se encontra esculpido numa peanha ou colado a um andor, é a última fonte de rendimento com produtos pios.

O resto, e é a grande fonte de receita, é o património que as devotas almas deixam em testamento nos países onde a promiscuidade com o clero exonera de impostos o esbulho feito aos moribundos. É altura de tributar os bens da ICAR e de averiguar como foram obtidos.