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Dia: 4 de Janeiro, 2011

4 de Janeiro, 2011 João Vasco Gama

Mudar de opinião

Uma pessoa de mente aberta deve condicionar a sua opinião às evidências e aos factos.

Quando acreditamos que um facto é verdadeiro sabemos que essa crença poderia ser alterada perante evidências em contrário.

Este princípio deve aplicar-se a tudo, e eu aplico-o também à minha crença de que Deus não existe. Existem várias coisas que, a acontecerem, fariam mudar a minha opinião a respeito da existência de Deus. Mesmo do Deus cristão.

Jesus podia aparecer, como teria aparecido aos discípulos, mostrar as chagas e tudo o mais. Ou poderia aparecer na ONU e fazer milagres que seriam escrutinados por todo o mundo. A oração poderia ser capaz de fazer crescer braços e pernas naqueles que as perderam, ou pelo menos nos mais devotos entre eles. Ou numa mesma noite toda a gente, em todo o mundo, poderia ser visitada por um anjo que esclarecesse qual a forma mais correcta de interpretar a Bíblia, evitando assim tantos equívocos entre aqueles que querem seguir o caminho de Jesus. Enfim, as possibilidades são imensas.

E um cristão? E outro crente religioso não cristão? Que factos ou acontecimentos o fariam concluir que afinal Deus não existe?
Se não existirem nenhuns, então a pessoa não tem a mente aberta em relação a esta crença.

4 de Janeiro, 2011 Carlos Esperança

Crentes e crenças

Não são os crentes que escolhem as crenças, são estas que escolhem aqueles através do sítio onde nascem, da família que os cria e do clero que os intoxica. Isto, se não houver meios mais expeditos e argumentos mais musculados.

As conversões em massa, a obrigação de seguir a religião do rei ou do imperador, são a prova da existência de deus, dado o sucesso do método. Na Europa nascia-se católico e morria-se de fé ou grelhado nas fogueiras. No Médio Oriente nasce-se islâmico e morre-se na crença do misericordioso, rodeado de bombas ou decapitado.

Os crentes, acirrados pelos sacerdotes, têm muito medo do que chamam a vida eterna e do mau aspecto com que se apresentam no Paraíso depois de algum tempo de defunção. Por isso procuram converter outros para parecerem muitos e terem gente para os bailes de gala que o deus de cada um organiza em honra das almas debutantes.

Ultimamente, com a falta de vocações sacerdotais, a ICAR está a pôr as garras de fora e a fazer exigências que o bom senso desaconselha. Não passa pela cabeça de um ateu que deve tirar a fé a quem se recusa a pensar, mas não há crente que não queira converter os ateus às missas, novenas, exposições do Santíssimo, abstinências, jejuns, peregrinações e outras extravagâncias pias com que se mortifica o corpo e protege a alma.

Quanto mais idiotas são as crenças mais estupefazem os crentes. Desde os milagres com que o Papa faz a gestão política da clientela, até aos rios de mel que os talibãs reservam para os guerrilheiros de Maomé, há uma enorme panóplia de tolices para consumo pio.

Bem-aventurados os pobres de espírito.