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Dia: 12 de Julho, 2009

12 de Julho, 2009 Carlos Esperança

Somália – Cristãos decapitados

Cristãos decapitados na Somália

Um grupo de extremistas islâmicos, ligado à Al Qaeda, decapitou esta Sexta-feira sete cristãos da Somália, acusados de serem “espiões”.

O respeito que todos os crentes devem merecer-nos não pode ser alargado às crenças. As pessoas são dignas de respeito, consideração e solidariedade independentemente da responsabilidade penal pelos crimes que cometem.

Se as crenças ferem princípios humanistas e civilizacionais devem ser combatidas e os regimes despóticos, sustentados por elas, devem ser derrubados.

As guerras religiosas e a crueldade fanática são velhos fenómenos que ensanguentaram a Europa até que o Iluminismo, a Revolução francesa e a secularização lhes puseram termo. O direito à liberdade religiosa não foi dado por qualquer religião, foi conquistado contra a vontade das Igrejas. O próprio catolicismo, depois de um longo processo de secularização e de lhe ter sido imposta a separação do Estado, só viria a reconhecer a liberdade religiosa com o concílio Vaticano II, que os fundamentalistas se esforçam por esvaziar de conteúdo.

A decapitação de cristãos na Somália choca pelo horror da crueza, a demência prosélita e a alienação provocada pelo ódio.
O mundo civilizado deve exigir às ideologias religiosas o mesmo comportamento que às políticas. O pluralismo é uma exigência ética e civilizacional. Matar por ódio sectário e querer converter os outros ao seu deus, pela violência, são fenómenos que urge erradicar.

Para pôr cobro a estes crimes, que se repetem com impiedosa regularidade, não se devem exigir referências confessionais nas Constituições dos países, deve exigir-se que a liberdade de crença, descrença e anti-crença seja reconhecida e defendida pelos países civilizados.

É preferível viver sem um mínimo de fé do que morrer com excesso dela.

Quem poderá negar aos cristãos decapitados a sua solidariedade e aos fundamentalistas que os executaram um julgamento rigoroso?