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Dia: 30 de Maio, 2009

30 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Almoço do 1.º aniversário da AAP – Saudação

ENA/2009
Caros ateus e ateias:

Faz hoje 1 ano que a Associação Ateísta Portuguesa se constituiu. Dezassete dias antes tinha havido uma peregrinação a Fátima, contra o ateísmo, presidida pelo então criador de milagres, santos e beatos – cardeal Saraiva Martins. Algum tempo depois o patriarca Policarpo considerava o ateísmo a maior tragédia da actualidade.

São exagerados estes publicitários. Até nos quatro bispos mobilizados para afrontarem a Associação Ateísta Portuguesa (AAP).

Neste primeiro ano de existência associativa, tornámos visível o ateísmo como filosofia de vida, ética e socialmente válida; defendemos os legítimos interesses de ateus, agnósticos, pessoas sem religião e crentes de religiões minoritárias, contra os privilégios da religião dominante; denunciámos o obscurantismo religioso e o espectáculo aviltante da cura do olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, queimado com salpicos de óleo fervente de fritar peixe, por intercessão de Nuno Álvares Pereira, fraude que envolveu as mais altas figuras do País, constitucionalmente impedidas de autenticar milagres, e que, só na véspera, tiveram o decoro de desistir da deslocação a Roma; mas foi sobretudo na defesa da laicidade que o nosso empenhamento cívico constituiu uma referência ética, certos de que o Estado não pode ser ateu pela mesma razão por que não deve ser confessional, convictos de que só a absoluta neutralidade é factor de paz e garantia de respeito pelas crenças, descrenças e anti-crenças a que cada cidadão tem direito num país civilizado.

O nosso apego às instituições democráticas é irrepreensível, o respeito pela Constituição da República Portuguesa é autêntico e é calorosa a defesa que fazemos da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Somos ateus por razões intelectuais, incapazes de acreditar nas religiões, indisponíveis para acatar dogmas ou aceitar os deuses que os homens criaram no auge do tribalismo. Somos ateus, também, por razões morais, recusando a violência, o racismo, a crueldade, a misoginia e a homofobia do deus raivoso que os homens criaram na Idade do Bronze e cujo paradigma está vertido num livro abominável – o Antigo Testamento –, que inspira os monoteísmos: judaísmo, cristianismo e islamismo, todos belicistas e os dois últimos implacavelmente prosélitos.

Não nos intimidamos com as piedosas mentiras do catolicismo, que atribui ao alegado ateísmo de Hitler o Holocausto, porque sabemos como o anti-semitismo cristão inspirou a barbárie nazi, como protestantes e católicos lhe deram listas dos baptizados, como sempre se considerou crente e como foi mandada celebrar uma missa solene em todas as igrejas católicas alemãs pela alma do ditador.

De Mussolini a Franco, de Salazar a Pinochet, de Ante Pavelic e Josef Tiso não faltaram torcionários amigos do Papa e da hóstia. No Islão basta lembrar as teocracias do Irão e da Arábia Saudita para percebermos a tolerância e a bondade pregadas nas madrassas. E não esqueçamos os judeus das trancinhas que ameaçam derrubar o Muro das Lamentações à cabeçada com a mesma paixão com que anseiam exilar palestinos e proibir o toucinho.
Porque pensamos que não há sociedades livres sem respeito pela liberdade individual e pela igualdade de género, repudiamos a moral imposta pelas religiões, com prémios e castigos para depois da vida, este bem único e irrepetível que queremos fruir até ao limite da nossa existência ou da nossa decisão.

Caros ateus e ateias, parafraseando Dawkins: Deus provavelmente não existe, portanto gozemos este almoço e esqueçamos a última ceia.

Bem-vindos a Coimbra. Viva o livre-pensamento.  Carlos Esperança

30 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Opus Dei – Inferno para o Céu

Véronique Duborgel relata sem sofismas a sua vivência infernal durante os 13 anos em que esteve ligada activamente à instituição católica.

Grande parte das actividades da Opus Dei, a começar pelo apostolado, é levada a cabo pelos membros supranumerários. Isso consome muito tempo, em detrimento da família. Mas a Opus Dei responde a esta objecção com o argumento da sua escala de valores: 1. Deus; 2. Família; 3. Trabalho; 4. Vida social. Analisemo-la. Deus está primeiro. “Servir primeiro a Deus”.