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Dia: 4 de Maio, 2009

4 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Nascem santos como cogumelos

Cidade do Vaticano, 30 abr (RV) – O prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Dom Angelo Amato, revelou que a causa de beatificação de João Paulo II prossegue de forma “muito rápida”, mas advertiu para a necessidade de se respeitar as várias etapas do processo.

Ao final da fase diocesana do processo, em 2007, foi entregue ao Vaticano a chamada “Positio super virtutibus” (posição sobre as virtudes do candidato), a ser examinada pelos consultores teólogos da Congregação das Causas dos Santos.

4 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Feitiçaria e religião

Nunca percebi bem onde acaba a feitiçaria e começa a religião. A primeira é uma crença de sociedades mais primitivas e a segunda o feitiço de outras mais desenvolvidas.

Os feiticeiro entram em transe, fazem sinais cabalísticos, receitam mesinhas e lançam maus-olhados. Os clérigos exibem vestidinhos exóticos e, com gestos rituais, distribuem bênçãos e excomunhões. Uns e outros vivem de rituais e poções a que atribuem poderes mágicos.
Desconheço a diferença entre o corno do rinoceronte e o pão ázimo para fins curativos, dado que desconheço o simples mecanismo de acção de ambos, mas sei que o primeiro se destina, reduzido a pó, a aumentar a virilidade e o segundo, servido em rodelas, a fortalecer a virtude e a fé.
Há rituais inofensivos.  Os borrifos do hissope são inócuos se for potável a água e as fogueiras dos índios também o são, se não pegarem fogo à floresta.

Crenças são crenças. La Palisse não diria diferente ou melhor. O pior é o respeito que alguns exigem em nome do multiculturalismo por não saberem bem a diferença entre a barbárie e a civilização. Que em África, sobretudo na Tanzânia, os feiticeiros atribuam  aos albinos virtudes terapêuticas, quando incorporados nas poções para dar sorte e atrair riqueza, é apenas uma crença, mas quando caçam homens e mulheres albinos para lhes extraírem a pele e outros órgãos, a fim de melhorarem a qualidade dos remédios que fabricam, a minha arrogância cultural e xenófoba faz estalar o verniz e trato a questão cultural como assassínio.

É, aliás, a mesma razão que me leva a considerar um crime contra a saúde pública a obsessão contra o preservativo cultivada por algumas tribos de estados civilizados e pelo Vaticano. Não é a crença que se condena, é a sabotagem à utilização de métodos científicos de prevenção das doenças pelas mesmas tribos que se opuseram às vacinas e aos antibióticos.

Considerar bruxa uma mulher não será grave, mas queimá-la, para erradicar a peçonha, como fez a Inquisição, torna a crença crime e desperta a ira das pessoas civilizadas.

Nota – Por falar em albinos, que se estima haver cerca de 170 mil em África, nasce 1 em cada 20 mil habitantes na Europa e na América. Em África, nasce 1 em cada 4 mil nascimentos porque sendo um problema de hereditariedade se agrava com as tradições endogâmicas.

4 de Maio, 2009 Luís Grave Rodrigues

Suprema hipocrisia

 

O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou que «a Igreja sabe o que fazer se forem detectados casos de gripe suína em Portugal» e ainda que «os padres são das pessoas que mais perto estão das populações e que por isso, podem fazer os avisos necessários».

 

À primeira vista poderíamos até pensar que se trata de uma declaração digna de elogio por parte dos responsáveis católicos portugueses. De facto, se houver uma pandemia todas as ajudas serão poucas, muito mais se vierem de uma instituição que está efectivamente «perto das populações» e que poderia bem «fazer os avisos necessários».

 

Tudo seria muito bonito se estas declarações não revelassem a costumeira hipocrisia de quem persiste em aproveitar cada má notícia, cada calamidade que grassa pelo mundo em proveito de um proselitismo bacoco e de mais uma manobra publicitária dessa tenebrosa multinacional do terror e do negócio da vida eterna que dá pelo nome de Vaticano.

 

A suprema hipocrisia reside obviamente no anúncio de que a Igreja pode fazer às populações «os avisos necessários» a conter a propagação da pandemia.

 

E será que pode?

Lá poder, pode. O pior é quando não quer!

 

Vejamos:

Imaginemos, por mera hipótese, que a Organização Mundial de Saúde anunciava que o vírus desta gripe também se podia transmitir por via sexual e que, por isso, as pessoas deveriam precaver-se do contágio também por esta via e passar a usar preservativo quando tivessem relações sexuais.

 

Pergunto:

Será que também neste caso a Igreja Católica continuava a fazer às populações «os avisos necessários» para conter a propagação do vírus e aconselhava o uso do preservativo?

 

A resposta é mais do que sabida:

– Decerto que não!

 

Como é bom de ver, tal como acontece com uma outra pandemia bem real chamada SIDA, a Igreja Católica continuará sempre a pôr os seus dogmas estúpidos e anacrónicos à frente da própria vida humana.

 

Se a Igreja Católica poderia, em caso de necessidade, «fazer os avisos necessários» às populações de forma a ajudar as autoridades governamentais a conter a propagação de uma pandemia?

– Deixem-me rir!