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Dia: 23 de Fevereiro, 2009

23 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

O PR e o Santo Pereira

Beata alegria

Beata alegria

O presidente da República surpreende os portugueses mas não é infalível.

Que se congratule com a elevação aos altares de Nuno Álvares Pereira é um estado de alma que devia guardar para a confissão e as festas familiares. É uma manifestação que cai bem na família, habituada à missa e ao terço, mas pode prestar-se ao ridículo para quem não leva a sério a cura do olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus. É, pois, uma justa alegria para o avô mas uma crendice que o PR não pode exibir.

O cidadão Cavaco Silva tem o direito de acreditar, tal como Paulo Portas, que a Senhora de Fátima, no seu zelo patriótico, acautelou as costas do Minho da poluição do navio Prestige, enquanto sacrificou as da Galiza, mas não pode expor Portugal ao ridículo de ter um Comandante Supremo das Forças Armadas supersticioso.

Do mesmo modo pode pensar que o condestável substitui as unidades de queimados e a oftalmologia mas não é um bom exemplo que dá a quem procura na ciência a resposta às dúvidas exibindo as certezas da fé.

Pior ainda é a sua afirmação de que [Santo Pereira] «deve inspirar os portugueses na busca de um futuro melhor». Fica a dúvida se é a matar castelhanos que devíamos sair da crise ou se é recolhendo a um convento que devemos aguardar que a crise passe.

Que a Igreja católica tenha estendido a santidade não apenas a quem matou infiéis mas também a quem despachou católicos, em várias batalhas, é um problema papal mas que o Presidente da República se reveja em tal exemplo é uma dificuldade diplomática.

Quanto ao exemplo monástico, quando a idade nos tornar castos, não, obrigado.