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Dia: 15 de Janeiro, 2009

15 de Janeiro, 2009 Carlos Esperança

A faixa de Gaza e a fé

Tropas israelitas e o movimento islâmico Hamas continuam a confrontar-se nas ruas de Gaza, no 20.º dia de uma guerra que já ultrapassou o milhar de mortos e provocou uma tragédia humana.

Além da conjuntura geopolítica propícia a esta guerra, com a saída de Bush pela porta de serviço, é relevante recordar a fé judaico-cristã, que alimenta o ódio no conflito que lavra na faixa de Gaza, onde o mais implacável dos monoteísmos encontra no Corão a brutal ideologia belicista que o impele às provocações a Israel e à guerra santa.

Inicialmente, o apoio mundial ao regresso dos judeus à Palestina e a própria Declaração de Balfour pela Grã-Bretanha, em 1917, foi uma aceitação da profecia bíblica que leva, ainda hoje, os fundamentalistas evangélicos dos EUA a apoiar cinicamente os judeus:

A conquista final da Terra Santa pelos judeus precipitará, após a reconstrução do Templo de Salomão, o Segundo Advento de Cristo e a destruição final dos judeus.

Perguntar-se-á como é possível que no século XXI ainda haja quem acredite num texto bárbaro da Idade do Bronze, conhecido como Antigo Testamento, que deu origem às três religiões do livro – o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo –, mas as profecias, quando feitas antes dos acontecimentos, são para cumprir, para benefício dos profetas e alegria dos crentes.

Há quem despreze a história e esqueça que as liberdades individuais só foram possíveis no Ocidente graças à repressão política da Igreja. Por isso é preciso respeitar as pessoas sem afrouxar o combate ideológico a doutrinas totalitárias de natureza política, religiosa ou económica. E, acima de tudo, exigir a laicidade do Estado, condição sine qua non para a democracia.