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Dia: 7 de Julho, 2008

7 de Julho, 2008 Carlos Esperança

Momento zen de segunda

O pio pregador João César das Neves (JCN) não respeita o calendário litúrgico das homilias. Nem o dia. Vocifera à segunda-feira no Diário de Notícias repetindo os temas e os argumentos até à náusea. O aborto é a obsessão e o embrião humano a sua devoção.
A líder do PSD e o chefe da sua Igreja convenceram-no de que não é um desadaptado. A primeira entende que o casamento tem em vista a reprodução, não se percebendo que não haja limite de idade e não se exija atestado de fertilidade. O Papa, apesar da falta de experiência matrimonial, é quem dita a moral familiar. JCN é mero porta-voz e o eco da Igreja católica.
JCN afirma que «O Governo (…) está empenhado em intensa campanha de promoção do aborto». Dito por uma pessoa responsável seria uma calúnia, bolçado por JCN é um acto de fé, que não exige provas.
JCN afirma que ‘negar vida humana ao embrião, é um postulado básico do Governo, semelhante à escravatura’, esquecendo-se da enormidade da comparação, da mentira da intenção que atribui ao Governo e de que a escravatura, embora ignóbil, é defendida na Bíblia.
Diz o devoto que “11 a 12 mil mulheres já praticaram abortos nos termos da lei”, facto que denomina de monumental hecatombe, sem que declare claramente que preferia o aborto clandestino.
Há uma afirmação em que tem razão: «Espantaria, se a manifesta cegueira ideológica não fosse suficiente para ocultar a verdade», mas não se trata de autocrítica.
E termina, em êxtase místico, a misturar a legislação portuguesa sobre a IVG com a conduta das «autoridades soviéticas» num salto cuja relação não se percebe.

Carlos Esperança