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Dia: 2 de Junho, 2008

2 de Junho, 2008 Mariana de Oliveira

Igreja Universal suspeita de branquear capitais

A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) está a ser investigada pelas autoridades brasileiras por suspeitas de branqueamento de capitais, envolvendo empresas suas.

Para fugir ao fisco, a Igreja terá remetido divisas para o estrangeiro, que eram posteriormente recambiadas para o Brasil e aplicadas em empresas controladas pela IURD, segundo a investigação conduzida pelo Ministério Público Estadual.

A IURD tem como grande fonte de receitas o chamado «dízimo dos fiéis» – 10 por cento do rendimento mensal de cada um dos crentes.

A Justiça de São Paulo já decretou o levantamento do sigilo bancário e fiscal de empresas e pessoas acusadas de participar no alegado esquema de branqueamento de capitais.

Existente há 20 anos, a IURD está presente actualmente em 172 países.

Em Portugal, onde já tem 120 templos, está em curso a construção de uma catedral para 3.500 pessoas; uma outra para 3.000 fiéis passará a funcionar no final de 2008 no Porto, segundo revela o seu líder e fundador, Edir Macedo, no recente livro O Bispo.

A maior sede internacional da TV Record, canal de propriedade do líder religioso, está em Portugal, onde a emissora funciona num prédio de mais de 1.000 metros quadrados.

A base em Lisboa exibe os programas em todos os países europeus via cabo.

O processo no Ministério Público brasileiro levou ao levantamento do sigilo ao segundo vice-presidente da Câmara Municipal de Petrópolis, Claudemir Mendonça de Andrade (PSDB), e outros dois ex-vereadores – Waldir Abrão e João Monteiro de Castro dos Santos.

Abrangidos pelo levantamento de sigilo foram também ao pastor Márcio de Lima Araújo, ex-secretário de Desportos na gestão de Paulo Maluf na Prefeitura de São Paulo (1993-1997), Álvaro Stievano Júnior.

Estes são suspeitos de manter ligações com as offshore Cableinvest Limited e a Investholding Limited, nas Ilhas Caimão, utilizadas no encaminhamento das receitas.

O Supremo Tribunal Federal rejeitou o pedido dos procuradores para levantamento da imunidade ao senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), sobrinho de Edir Macedo e dirigente da IURD.

A quebra de sigilo, adianta o jornal brasileiro, havia sido previamente autorizada pelo Departamento de Inquéritos Policiais da Capital, com base em relatórios de movimentações financeiras do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, do Ministério da Justiça.

Já em 1999 os negócios da IURD tinham estado na mira da justiça brasileira, num inquérito à compra das emissoras de televisão e rádio como a Record Rio.

A IURD é considerada o movimento evangélico mais influente do Brasil.

Tem vindo a expandir-se também para África, nomeadamente Moçambique e Angola, através da abertura de templos e aquisição de meios de comunicação social.

Em Moçambique, a Record Europa controla parte expressiva da TV Miramar, uma emissora privada local, com sinal aberto para todo o país.

Fonte: Sol, 02 de Junho de 2008.

2 de Junho, 2008 Mariana de Oliveira

Bispos moçambicanos preocupados com xenofobia

A Conferência Episcopal de Moçambique, manifestou a sua “extrema preocupação” face à “barbárie” contra os estrangeiros na África do Sul e atribuiu à frustração dos sul-africanos a causa da violência.

“Manifestamos a nossa extrema preocupação perante a situação em que se encontram muitos dos nossos irmãos e irmãs moçambicanos residentes na vizinha África do Sul, em consequência do aumento da intimidação, violência e morte a que eles estão sujeitos”, pode ler-se na mensagem divulgada.

Os bispos católicos referem ainda que “na sequência dos actos de barbárie e intolerância” registados na África do Sul, “mais de 40 moçambicanos foram gratuitamente linchados até à morte”, o dobro das vítimas apontadas pelas autoridades moçambicanas no seu último balanço oficial, hoje divulgado.

Na nota divulgada, os bispos deploram o regresso inesperado de “mais de 30 mil” moçambicanos que tinham “ido trabalhar [para a África do Sul] em busca de melhores condições de vida para si e seus familiares”, muitos dos quais foram “despojados dos seus haveres”.

Para os líderes católicos moçambicanos, as causas da fúria dos cidadãos sul-africanos contra os imigrantes são a “degradação da condição social, distribuição desigual da riqueza e a exploração da mão-de-obra barata estrangeira em detrimento de trabalho e salários justos reivindicados pelos sul-africanos”.

“Por outro lado, a riqueza gerada na África do Sul, que não é pequena, parece estar longe de ser distribuída equitativamente por todos. A vida melhor sonhada pelo povo sul-africano, com o fim do apartheid, não está sendo uma realidade”, observa o prelado católico moçambicano.

A CEM faz um apelo ao Governo sul-africano no sentido de “compensar todos aqueles que perderam os seus bens nesta onda de xenofobia e que, deste modo, viram o seu futuro e o das suas famílias seriamente comprometido”.

A exortação dos bispos católicos é igualmente estendida a todos os povos da África Austral, “para que se neutralizem os extremismos, uma vez que com esse tipo de manifestações todos sairão a perder”.

Ao Governo moçambicano, os religiosos pedem que dialogue com as autoridades sul-africanas, para encontrarem formas de desencorajar a violência contra imigrantes.

Os bispos católicos moçambicanos instam as autoridades moçambicanas a formularem, “com a celeridade que o assunto exige, um plano exequível que concretize as melhores práticas de reintegração social” dos moçambicanos que fugiram da xenofobia na África do Sul.

A população moçambicana em geral é também evocada na mensagem episcopal, onde é feito um apelo à calma e contenção face a qualquer tipo de provocação e violência e é lembrado que Moçambique é “um exemplo mundial de resolução pacífica de conflitos”.

Fonte: Expresso Online, 02 de Junho de 2008.